José Maria Teixeira
Esse não é um dia de lamentação, mimi e discursos negativos. Trata-se de um dia de reflexão sobre a realidade dos negros e negras brasileiros. E não havia de ser diferente, pois, impulsionada pelo espírito de Zumbi, lider negro que por longos anos ofereceu resistência ao sistema escravocrata com a organização do QUILOMBO DE PALMARES, comunidade de escravos fugidos, situado no então hoje estado de Alagoas, Ali, Zumbi com sua estratégia e táticas derrotas e mais derrotas impôs ao governo português que se obrigou convocar o seu exercito sob o comando do bandeirante Domingos Jorge Velho o qual após anos sangrentos de luta destruiu Palmares. Porém, não destruiu o espírito de luta pela liberdade, como base e razão do ser humano. É essa CONCIENCIA NEGRA profundamente critica que aponta e clama pela continuidade da luta ante uma sociedade indiscutivelmente desigual sob o manto da falsa democracia racial. Na verdade suprimiu-se o chicote e o pelourinho. E a vida continua. Onde tudo é mais o negro é menos onde tudo é menos o negro é mais. Ou seja: onde tudo é bom e melhor o negro é exceção onde tudo é ruim e indigno o negro é regra. Exemplificando: quantos são os generais negros ou negras? Almirantes? Brigadeiros? No Judiciário e no Executivo quantos são os ministros negros ou negras? No mundo do trabalho o homem negro na mesma função ganha menos que o homem branco e a mulher negra ganha menos que a mulher branca. É à essa realidade pendente de transformação estrutural que a Consciência Negra remete não só negros e negras como protagonistas desse processo mas todos os brasileiros para que possamos viver e conviver com dignidade podendo em verdade dizer que somos uma democracia racial. Enfim não há tempo a perder. Ver já viu, Julgar já julgou sociedade profundamente desigual pendente de mudanças estruturais. Falta o agir cujos instrumentos são a Constituição Cidadã e o Estatuto da Igualdade Racial.
A propósito o momento é de eleições. Salvo melhor juízo, pela primeira vez entre dez, Piracicaba tem um candidato negro a prefeito. Aqui, a consciência negra exige que esse candidato seja ouvido e sentido por todos particularmente pelas famílias, movimentos e instituições negras e seja posto no quadro de opção de voto em quinze de novembro. E por que não um prefeito negro?
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José Maria Teixeira, advogado e professor
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