Abusos sexuais: isolamento social impediu as denúncias de crianças

Roberto Alves é presidente da Frente Parlamentar Contra o Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes – Crédito: Douglas Gomes/Republicanos

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020, recentemente divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, evidenciam um crescimento da subnotificação da violência sexual no Brasil durante a pandemia do novo Coronavírus. No primeiro semestre deste ano, em meio ao cumprimento das medidas de isolamento social, foram registrados 25.469 crimes de estupro e de estupro de vulnerável, uma curiosa redução de 22,4% em relação ao mesmo período de 2019.
Crianças e adolescentes ainda foram as maiores vítimas de violência, com crimes de estupro de vulneráveis correspondendo a 77% do total registrado. Foram 17.287 casos registrados, contra 22.282 em 2019, outra surpreendente redução de 23%. Os dados estão na Tabela 10 do Anuário.
O presidente da Frente Parlamentar Contra o Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, deputado federal Roberto Alves (Republicanos/SP), explica que o aumento da subnotificação aconteceu pela incapacidade das vítimas de denunciar os abusos sexuais às autoridades, por estarem confinadas e sob a vigilância dos criminosos. Dados do Disque 100 apontam que 80% dos crimes de abuso sexual infantil ocorrem dentro de casa e que 73% foram cometidos por parentes ou por pessoas próximas à família da vítima.

PREOCUPAÇÃO

“Nos primeiros meses de pandemia, juntamente com diversas autoridades e especialistas na área, já havíamos manifestado grande preocupação com a segurança das crianças e adolescentes. O isolamento social aproximou ainda mais os abusadores de suas vítimas, sem que elas pudessem pedir socorro”, destacou o parlamentar paulista.
A subnotificação é uma das características da violência sexual infantil. O abusador se beneficia do silêncio das vítimas e das testemunhas para não ser descoberto e continuar cometendo crimes. Roberto Alves acredita que muitos casos ainda chegarão ao conhecimento das autoridades, assim que acabarem as medidas de restrição, principalmente nas escolas. “Os professores e pedagogos terão um papel fundamental de ouvir os alunos e levar seus relatos às autoridades”, afirmou.
Roberto Alves ressaltou a importância de denunciar, sendo esse o primeiro passo para salvar a vida de uma criança ou adolescente. “Não importa quem é o abusador, quem ele representa, seu poder aquisitivo ou posição social. É preciso denunciá-lo. O futuro de uma criança é o mais importante”, ratificou o deputado.

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