No mercado de trabalho, é normal que o funcionário queira dar tudo de si e realizar seu trabalho com perfeição, sem espaço para erros, o que acaba gerando um medo inconsciente de falhar. Apesar do erro ser, inicialmente, um catalisador para maior atenção em tarefas, a busca por nunca ter defeitos na execução de responsabilidades pode gerar um efeito rebote: queda na produtividade e criatividade.
A fisiologista Debora Garcia explica que o medo, ao contrário do senso comum, não é um sinônimo de fraqueza, mas sim uma reação ligada à sobrevivência. “Quando nos deparamos com esse sentimento, o organismo produz involuntariamente estímulos estressantes que aumentam os batimentos cardíacos, contraem os músculos e tornam a pessoa mais alerta, uma clara reação de luta ou fuga”, elucida a especialista.
Quando há medo tanto da sensação quanto da consequência, acontece uma limitação nas possibilidades de criação, visto que muitas das invenções existentes atualmente surgiram, majoritariamente, de situações de tentativa e erro, argumenta Debora Garcia. “Quando nos colocamos em uma posição onde não é aceitável falhar, tiramos de nós mesmos as possibilidades de aprendizado e crescimento, de trabalhar pontos fracos, que existem em todos os profissionais”, explica.
O problema não é o erro em si, mas qual atitude será tomada a partir dele, garante Débora Garcia. “Quando o erro é usado de forma estratégica, há possibilidade de direcionamento para áreas onde a pessoa pode trabalhar vulnerabilidades, aperfeiçoando processos e ganhando novas habilidades”, diz.
Segundo a especialista, apesar do mercado competitivo – onde a sensação é de haver pessoas prontas para tomar o seu cargo a qualquer momento – ser um grande catalisador da relação entre medo e incompetência, a forma como o profissional encara falhas é o que o diferencia dos demais.
Outro ponto destacado por Debora Garcia é que o medo impede mudanças e possibilidades de crescimento em outras áreas. “É uma sensação que, se encarada da maneira errada, pode trazer a comodidade mesmo quando o trabalho não traz retornos financeiros ou mesmo o sentimento de realização. Muitas vezes a oportunidade de traçar uma carreira promissora é perdida pelo simples fato de não haver coragem para arriscar-se”, pontua.
Para perder esse receio, a fisiologista aponta que deve ser construído um trabalho constante de análise de erros e acertos, focando no crescimento profissional. “É ao aprender a lidar com a impermanência de algumas coisas, com críticas e responsabilidade, que o funcionário vai ganhando mais repertório para atuar e construir uma carreira profissional mais concisa”, garante.