Walter Naime
Em outras épocas era costume separar o joio do trigo, por sugestões bíblicas. Hoje se propõe separar o trigo do joio.
As coisas andaram rapidamente e chegaram onde estamos, não sabendo por que razão, se é pelo crescimento da população ou outros motivos em que o “joio humano” tenha aumentado, trazendo a dificuldade da escolha entre o trigo e o joio, pois o último está atingindo proporções maiores na sua mistura.
Quando se tem muito a escolher, a possibilidade do erro tem probabilidade de acontecer com maior força, pois a diversidade traz no seu conteúdo a necessidade do julgamento entre o que é bom e o que não é. Escolher entre duas coisas é mais fácil do que entre muitas coisas.
É corriqueiro dizer que somos o produto das nossas escolhas.
Da “safra espiritual do trigo”, parece que a humanidade se descuidou e a produção foi alterada com o joio se apresentando com maior produção, dado pela adubação errônea ou por falta das boas intenções em que prolifera a ignorância e a maldade.
Assim a proporção de joio e trigo ficou alterada e na separação dos dois aumenta a dificuldade da escolha do que nos alimenta.
No processo eleitoral do regime democrático o procedimento, apesar das regras e leis que as regem, não passa de escolhas de nomes para constituir o governo que será eleito.
Da mesma forma a frase que diz sermos o produto das nossas escolhas, no processo eleitoral diremos que o resultado político será o produto das escolhas feitas pelo eleitorado. Assim a frase “O povo tem o governo que merece” aparece como sendo a mais natural.
Com farinha de trigo se faz pão e com competência e intenções fiscalizadas se faz um governo bom. Se houver escolhas erradas estaremos expostos a cometer mais erros.
O crescimento da população altera os índices dos valores humanos da mesma forma que na plantação do trigo a sua semeadura e seus cuidados serão diretamente proporcionais às colheitas.
Se houver descuido no plantio e cuidados, o joio pode se tornar dominante na colheita e o trabalho da sua retirada exigirá mais trabalho e com um maior custo o que não seria recomendável para um produto de tanta valia ou teremos de nos alimentar do joio e ter uma indigestão que não é desejada.
Na analogia com as eleições, a escolha entre os nomes dos que são bons e o que não são, torna-se mais difícil trazendo confusão na cabeça dos desavisados.
É esperado que as informações sobre os nomes dos pretendentes sejam bem analisadas, que se possa reunir elementos para clarear a decisão do voto, e que o mesmo não seja perturbado por notícias mentirosas que circulam nos meios sociais.
As dificuldades das escolhas estarão a nossa frente nos turvando a visão da nossa intenção, e para isso é de grande valor que as informações sejam de fontes confiáveis para que o “voto de confiança” seja válido e possamos ter a consciência tranquila pelo esforço do querer acertar e aumentar a dose de trigo dentro do “joio humano”.
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Walter Naime, arquiteto-urbanista, empresário.