Constituição Cidadã

José Maria Teixeira

 

Neste Brasil em que se começa erguer o véu da falsa democracia racial estruturada veladamente nas constituções e instituições brasileiras até então, nasce a Constituição Cidadã. Como estrela guia, firmou os caminhos para a construção de uma nação livre, soberana e altiva, onde todos — independentes de sua etnia ou de opção de vida — possam viver e conviver com dignidade.

Queiram ou não os negros e negras têm uma luta árdua para fazer valer a Constituição Cidadã vigente. Em que pese todo trabalho dos nossos antepassados o respeito pelos negros e negras, e sua contribuição na construção nacional, está longe de preencher os anseios de um ser humano e de aparecer no painel da sociedade brasileira. Isto não é lamentação barata ou discurso negativo. No mapa do Brasil corroborado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), vejam esta verdade inegável: onde tudo é mais o negro é menos; onde tudo é menos o negro é mais, isto é, onde tudo é melhor e de presença exigida o negro é exceção, onde tudo é pior o negro é regra. Desempregados negros e negras: faixa salarial ganham menos no mesmo trabalho ou profissão. Assassinados jovens negros e negras. Dentre cinco mil municípios, quantos são os prefeitos negros ou negras? Dentre os 27 estados quantos governadores negros ou negras? Quantos os ministros? Quantos os generais? Não é de se estranhar, essa praga que limita, cega e divide ainda está onde nunca deveria ter estado, nas igrejas. A igreja católica no Brasil, segundo o IBGE, tem quatrocentos e cinquënta bispos e apenas 08 bispos negros, sendo o Brasil o segundo maior pais negro do mundo. Portanto, queiram ou não, o protagonísmo nessa batalha de efetivação da Constituição Cidadã que desenraiza o racismo pelos seus princípios cabe, sim, aos negros e negras sob pena de continuarem na escravidão sem chicote e pelourinho, porém, na marginalidade.

Atenção pois, negros e negras, para as políticas públicas protetivas e inclusivas, alvo da fúria satânica destruidora do governo de Bolsonaro, desencanto do povo brasileiro. Como exemplo o SUS. Segundo o jornal Folha: “…no lugar de especialistas ganhou espaço uma equipe de negacionistas que, à revelia da ciência e de dados validados pela  comunidade cientifica internacional, não reconhece as principais causas de mortalidade materna no Brasil: o aborto inseguro, sendo as mulheres negras as principais vitimas”. Assim, na contramão da Constituição Cidadã, o governo vem destruindo o ENEM, Prouni, Meio Ambiente, atingindo gravemente os povos da floresta e quilombolas, estes em Alcântara Machado, no Maranhão. Não há volta.

Os negros e negras deste país, juntamente com todos iluminados e irmanados pelo próprio sentido da vida, vencerão o racismo dando real efetividade à Constituição Cidadã, na construção  de uma real democracia racial.

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José Maria Teixeira, professor

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