As escolas estaduais na cidade continuam sem aulas nesta segunda (21), conforme mostra levantamento feito pela Subsede em Piracicaba da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo). A posição dos professores atende posição defendida pela Apeoesp, contrariando a Secretaria Estadual de Educação que estabeleceu o retorno das aulas presenciais para reforço escolar desde partir desta última terça-feira, 8 de setembro. No entanto, o trabalho nas escolas é apenas interno, sem alunos.
Na última sexta (19), o governador João Doria anunciou a liberação das aulas presenciais do ensino fundamental da rede estadual para três de novembro, enquanto que para o ensino médio e EJA (Educação de Jovens e Adultos) a partir de sete de outubro, mas adesão dependerá de permissão das prefeituras e apresentação de um plano de retomada por parte das unidades.
Em seu site, a Apeoesp reforça sua posição contrária ao retorno das aulas presenciais em função da pandemia do coronavírus. Para a presidenta da Apeoesp, a deputada estadual Professora Bebel, os professores sabem que não há condições de retorno das aulas presenciais neste momento. Essa posição inclusive a Apeoesp levou oficialmente ao secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, em encontro no Palácio dos Bandeirantes, no último dia 15, que também contou com a participação do secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi.
Nesta reunião, ainda, diante dos riscos de ampliação do contágio de coronavirus, a presidenta da Apeoesp ponderou que sejam focadas as discussões em soluções para os estudantes que estão concluindo o último ano do ensino médio e que prestarão o Enem em janeiro e para os estudantes de EJA e CEEJA e o secretário da Educação concordou em discutir essa alternativa. “Seria evitada assim uma volta generalizada às escolas”, diz Bebel, uma vez que o retorno das aulas presenciais no Estado colocará mais oito milhões de pessoas nas ruas.
Bebel ressalta que desde março “defendemos pública e fortemente que as escolas permaneçam fechadas. Realizamos carreatas, encontros, manifestações de todos os tipos e ações na justiça para impedir que o governo Doria coloque em risco a vida de professores, estudantes, funcionários e suas famílias”.
Em defesa da vida, a Apeoesp tem recomendado a professores e alunos que não retornem às aulas presenciais. “Com certeza, esse nosso trabalho de conscientização que a Apeoesp vem realizando incessantemente tem surtido efeito. Vamos continuar dialogando com professores, estudantes, funcionários, pais e responsáveis e com a sociedade em geral, para explicar que só poderemos voltar às escolas após a pandemia. Nesse momento temos que preservar as nossas vidas”, diz Bebel.
Levantamento sobre a infraestrutura das escolas da rede estadual de São Paulo, realizado a pedido da Apeoesp pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) e o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), indica que 99% das unidades escolares não possuem enfermaria, consultório médico ou ambulatório. O estudo aponta ainda que 82% das escolas estaduais não têm mais de dois sanitários para uso dos estudantes. “As escolas não têm a estrutura suficiente para reabrirem em segurança frente à pandemia do coronavírus”, reforça a presidenta da Apeoesp.
Apeoesp: na cidade, escolas estaduais sem aula
22 de setembro de 2020