Giuliano Pereira D’Abronzo
Ah sim, vivemos no século XXI. Como são antiquados os que têm pensamento preso no século passado ou mais para trás ainda. Vivemos no século da total liberdade, cada um faz o que quer, sem compromisso, sem estar preso a convenções, sem ter regras ou valores. Ah, como é bom essa liberdade.
Século XXI, o ápice da evolução, somos o que há de melhor na criação, se é que podemos dizer que há criação, pois se dizemos que somos o melhor da criação, pressupomos a existência de um Criador, alguém ou algo que pensou, que elaborou, que trabalhou, para que a criação pudesse existir. Pensamento antiquado…
Somos o que há de melhor e não é necessário ter compromisso. Somos livres, somos capazes de pensar sem regras, para que as regras? Regras, leis, princípios, cerceiam o ser humano. E como o melhor que há na natureza, não precisamos disso.
Não é preciso regras, para que elas servem? Somos o melhor fruto da natureza e as regras são para pessoas antiquadas, incapazes de se sentirem livres para agir.
Pois é, mas para quem pensa assim, será que ao menos é capaz de perceber que tudo o que existe, absolutamente tudo, só existe porque há regras a seguir, as leis naturais que devem ser observadas para que haja repetição da própria natureza? Nada acontece ao acaso, nada é aleatório. Na natureza, tudo requer regras, tudo é baseado em princípios.
Se formos analisar detidamente o século XXI, temos acesso a conhecimentos técnicos e científicos extremamente avançados, talvez como nunca ocorreu. Digo nunca, porque nosso conhecimento sobre as civilizações do passado são incompletos e não conseguimos explicar satisfatoriamente como foram construídas as pirâmides ao redor do mundo, Puma Punku, na Bolívia, as linhas de Nazca, no Peru, só para citar alguns exemplos.
Ou seja, nem sequer sabemos se somos mesmo o ápice da civilização…
As regras, ao contrário do que dizem os que bradam serem livres, permitem que haja organização, disciplina. Com as leis naturais é possível prever o que um ato é capaz de gerar. Não é aleatório, não é ao acaso. É sabido, é previsível. Assim, é possível saber o que acontecerá depois. São as regras que permitem a liberdade. Se não for assim, vemos libertinagem. Talvez seja isso que as pessoas pensam viver hoje. Confundem termos, libertinagem e liberdade não são a mesma coisa.
Adotar esse conceito na vida, ou seja, ter regras e princípios e segui-los conscientemente torna o indivíduo livre, já que as aceita por livre arbítrio. Isso é a plenitude da liberdade, escolher, por livre arbítrio, conscientemente o que seguir. Isso é ser livre, por que se é responsável por sua escolha.
Não é o que vemos em boa parte das pessoas do século XXI. Não são capazes de decidir se seguem um ou outro caminho, tanto faz, hoje um, amanhã outro. Não têm regras, não as assumem e, por falta de responsabilidade, hoje escolhe este, amanhã aquele, tudo pela conveniência do momento.
Assim é com o ser humano, e esse ser humano gera essa sociedade que vivemos. Então, se pensamos ser o ápice da civilização, que saibamos respeitar aquilo que fez com as civilizações evoluíssem e permitissem que chegássemos aqui, as regras, princípios e valores. E se somos o ápice, que saibamos respeitar. Será que sabemos respeitar?
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Giuliano Pereira D’Abronzo, bacharel em Direito, servidor público federal