Grupos de Apoio (II)

A medicina reconhece a dependência química como doença, mas há mais doentes entre uma família saudável e uma casa de recuperação que pode imaginar nossa vã filosofia. Falo dos co-dependentes (dependentes psicológicos), da família que ganha contornos patológicos como decorrência do dependente.

De nada adianta tratar o dependente sem que seu meio seja repensado, pois ele recairá. Mães ansiosas, pais fragilizados (quando o pai está presente), inversão de papéis são ingredientes de uma recaída.

Os grupos de apoio focam seu trabalhonos comportamentos do (co) dependente. Os papéis em geral estão invertidos. “Pai, vou chegar tarde hoje” e não deve mais satisfações. Pais que esboçam alguma reação ainda enfrentam a mãe que lhe destitui a autoridade diante do filho. Impossível se colocar limites com tantos desencontros.

Esse é o círculo vicioso em que os filhos manipulam os pais. Colocam pai e mãe em constante confronto, vazando por entre seus dedos como água nas mãos. E então se descobre: ele está nas drogas. Surge a pergunta “onde foi que eu errei?”.

Num misto de culpa, mágoa, raiva, auto piedade, impotência, vergonha, etc., pais evitam a internação ao filho e o grupo a si mesmos. “Como pode acontecer isso, fiz tudo por ele! Expor minhas feridas a estranhos? Isso eu não faço”.O preconceito e medo da reprovação impedem soluções. Mas a essas alturas muita gente sabe.

 

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“E, por fim, de que nos adianta uma vida longa se ela é penosa, pobre em alegrias e tão cheia de sofrimento que só podemos dar as boas-vindas à morte, saudando-a como libertadora?” (Sigmund Freud)

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 Meu ex-marido começou a me tratar muito mal e logo descobri que ele tinha outra família. Quando confirmei isso ele disse ‘estou indo morar com o amor da minha vida’. Fiquei péssima. Apesar de estar separada há três anos, bem profissional e afetivamente, sempre que preciso falar com ele fico mal. Se eu preciso discutir pontos de vista com alguém me sinto bloqueada e mal por horas.

 

Que ele tenha escolhido a outra até se compreende, mas porque feri-la com ‘estou indo morar com o amor da minha vida’? O que o levou a tal agressividade? Ou sua intenção era magoá-la, ou se identifica com o papel de vítima, ou me fogem elementos.

Não é possível dizer o que a leva a esse bloqueio sem estar em análise. Tudo indica uma associação com o episódio, mas há mais coisas a serem reveladas, mesmo porque ainda fica incomodada ao falar com ele. Você associa a dificuldade em discutir pontos de vista a esse episódio? Parece-me que sim, pois essa queixa aparece na sequencia, percebe? Estaria revivendo as diferenças entre você e seu marido? Diferenças que apareceram na infidelidade dele? A dificuldade de expor seus pontos de vista surgiu após esse fato ou não? Pode estar, sem perceber, revivendo sentimentos da traição. Facilmente misturamos emoção e razão. Mesmo que racionalmente saiba que são apenas ideias divergentes, o bloqueio surge.

 

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