Miltinho Martins
É muito comum ouvir dos amigos da gastronomia: “Eu não gosto de política”, mas é importante sabermos como a política interfere diretamente no nosso dia a dia e no nosso comércio.
Apenas para exemplificar, vamos começar pelo uso parcial da área de passeio (calçadas), com a colocação de mesas e cadeiras, como sendo uma extensão do salão de atendimento. Isso só foi possível graças a um movimento político, mostrando ao poder público que seria possível conciliar o uso da calçada com mesas e cadeiras, evidentemente criando regramento, respeitando sempre o direito e a segurança dos pedestres.
Outra questão é a cobrança da água de maneira escalonada, ou tabela progressiva. Esse prejuízo se deu por ação política, provocando aumento drástico do valor do metro cúbico da água, impactando negativamente nos custos do nosso setor. Essa é uma questão a ser trabalhada!
A existência de um protocolo que permita música ao vivo nos estabelecimentos, o que trará oportunidades para os nossos artistas e entretenimento ao público, certamente terá que contar com esforços políticos.
O uso de ruas e avenidas para estacionamento de carros em determinados períodos e eventos, a exemplo da Festa das Nações, também precisou de ação política.
Queridos amigos e colegas de atividade e afins, com a pandemia, pudemos observar o quanto a política mexe com nossas vidas e principalmente com os nossos negócios. Sem alguém que verdadeiramente nos represente, ficaremos sempre à mercê de políticos descomprometidos com a nossa causa.
Durante a pandemia, estivemos e estamos totalmente desnorteados, sem saber direito o que fazer, cheios de dúvidas e inseguranças, quer seja no tocante a abrir nossas portas aos clientes, quer seja na maneira de nos conduzirmos frente a tudo o que está sendo exigido.
Estamos vivendo um caos, uma verdadeira tormenta. Entretanto, esta será a grande lição para todos nós que atuamos no ramo da alimentação. Nos resta agora repensar nossa posição com relação à política. Se é inevitável que a política interfira em nossas vidas e trabalho, então, o que seria o ideal para o nosso setor?
Quero aproveitar para pedir, a cada um do setor gastronômico, que atua direta ou indiretamente, que participe ativamente na política da nossa cidade, observando, refletindo, ponderando e, finalmente, escolhendo alguém que nos represente e lute por nossa classe!
Quem não participa ou tem ojeriza de política, ficará submetido, goste ou não, às decisões de quem tem afeição pela política!
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Miltinho Martins, empresário do setor gastronômico