Álvaro Vargas
De acordo com a Bíblia, não só existiram, como a sua população era “pecadora” (Gênesis, 13:13; Isaías, 3:9), e foram destruídas com fogo e enxofre caídos do céu (Deuteronômio, 1). Eram localizadas na planície da Judeia, situadas perto do rio Jordão e do “Mar Morto” (Gênesis, 13:10). No Evangelho de Mateus (10:15), Jesus faz referência as essas duas cidades, mas a comprovação científica sobre a sua existência tem gerado polêmicas entre historiadores e arqueólogos, com parte expressiva desses estudiosos, nem sequer acreditando que elas tenham realmente existido.
Entretanto, a descoberta de uma placa (Planisfério) de 700 a.C., permitiu o testemunho feito por um astrônomo sumério, sobre a passagem de um asteroide responsável pela destruição das cidades de Sodoma e Gomorra, ocorrido em 29 de junho de 3123 a.C. (BBC Brasil, em 31 de março de 2008). Escavações arqueológicas mais recentes (Tall el-Hammam Excavation Project), nas proximidades do “Mar Morto”, sugerem que a explosão de calor, gerado por essa colisão, eliminou “100% das cidades e vilas da Idade do Bronze”, afetando mais de 100 pequenos assentamentos, resultando na morte de 40-65 mil pessoas; a salmoura desse lago, alagou os campos agrícolas férteis, tornando-os inúteis por seis séculos.
Mesmo que exista uma comprovação científica da existência dessas cidades e da sua destruição, não podemos interpretar de forma literal o que diz a Bíblia: “Então o Senhor, o próprio Senhor, fez chover do céu fogo e enxofre sobre Sodoma e Gomorra. Assim ele destruiu aquelas cidades e toda a planície, com todos os habitantes das cidades e a vegetação” (Gênesis, 19:24-25). Deus é amor, não pune ninguém, apenas reeduca. O Espiritismo esclarece que o espírito é eterno, e a morte biológica é apenas um regresso à pátria espiritual. As catástrofes naturais, fazem parte do processo de transformação moral do planeta, e em nosso estágio evolutivo, são necessárias para acelerar o processo de desenvolvimento da humanidade. Foi assim, durante o império romano, com as cidades de Herculano e Pompeia, destruídas pela erupção do vulcão Vesúvio em 79 d.C. e o Tsunami que assolou a Indonésia em 2004. Todas as pessoas, independentemente da faixa etária, que deveriam perecer nesses eventos, foram conduzidas para esses locais, dentro de uma programação reencarnatória pré-estabelecida. No caso de Sodoma e Gomorra, o desregramento moral de seus habitantes, havia atingido uma situação que comprometia o processo evolutivo de sua população e de outras civilizações, fato que atraiu (lei de causa e efeito), como consequência, a sua destruição.
Deus criou as leis que regem o universo. Mas nos utiliza como cocriadores. Jesus, que faz parte de uma comunidade angelical, coordenou a criação do planeta Terra, e determinou a formação das nações, e quando essas se tornam um “problema”, é permitido a sua extinção (ex.: o império romano). Foi ele quem determinou o local para a pátria do evangelho (Brasil). Portanto, Deus utiliza de Seus filhos, cada um dentro de suas limitações, para o cumprimento de Suas leis. A destruição de Sodoma e Gomorra e demais cataclismos naturais, atendem a uma possibilidade de acontecimentos, dependendo de nosso comportamento moral. Não foi assim com Nínive (capital do império assírio), salva por ter ouvido o profeta Jonas?
Todo o poder vem de Deus, que nos utiliza para cumprirmos a Sua vontade. Do contrário, teríamos um universo povoado de espíritos ociosos. Vivemos numa sociedade ainda violenta, por isso mesmo, o processo de transição planetária é doloroso. Mas, com o planeta regenerado até o final deste século, teremos uma nova civilização (Bem-aventurados os brandos, porque possuirão a Terra), moralmente superior e liberta da necessidade das calamidades naturais em seu processo evolutivo.
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Álvaro Vargas, engenheiro agrônomo, Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita