Lara Natacci
Vanderli Marchiori
Durante toda a história de todos os tipos de transmissão de informações, as manchetes atraentes e intrigantes sempre constituíram uma forma de reter a atenção do público. Notícias falsas podem prejudicar o receptor de diversas maneiras, principalmente quando se trata de informações na área de ciência da saúde, uma vez que afetam uma questão sensível e muito íntima, que é a própria saúde do indivíduo.
Em sites de redes sociais, o alcance e os efeitos da disseminação da informação são significativamente amplificados e ocorrem em um ritmo tão rápido, que informações distorcidas, imprecisas ou falsas adquirem um tremendo potencial para causar impactos reais, em minutos, para milhões de usuários.
É importante salientar que as pessoas não confiam completamente nas informações na Internet, mas ainda é difícil ficar livre de sua influência. Isso quer dizer que muitas pessoas, através de seu senso crítico, tendem a considerar as informações on-line duvidosas e pouco confiáveis, mas a maioria delas ainda é influenciado. Essa influência é ainda maior se a pessoa já teve, anteriormente, contato com a suposta informação. A familiaridade desempenha um papel importante na crença sobre notícias falsas, e a repetição facilita o processamento rápido e fluente, o que implica que a afirmação repetida se torna “verdadeira”
Como então podemos nos tornar mais críticos e sermos menos influenciados por notícias que podem prejudicar nossa saúde?
Elaboramos aqui algumas sugestões:
Buscar profissionais referências no assunto: verificar a formação, área de atuação e experiência de quem escreveu sobre o assunto. Se possível, contatar o profissional. (isso o Bem Estar faz muito bem)
Consultar conselhos de classe, como o conselho de medicina ou de nutrição, por exemplo
Procurar textos de diretrizes e consensos, como por exemplo alguma Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Normalmente as diretrizes e consensos se baseiam na análise de diversos estudos sobre o tema abordado.
Buscar orientações propostas por órgãos como ANVISA e Ministério da Saúde, que também são elaboradas após análise de várias pesquisas.
Desconfiar quando a notícia tem um forte apelo emocional, com uma descrição de caso, por exemplo (ex. essa dieta mudou minha vida!)
Estar ciente de que os navegadores de internet que existem ferramentas da web que bloqueiam informações com as quais o usuário discorda e exibem notícias de acordo com suas crenças. Tudo isso é baseado em algoritmos que possuem informações sobre o usuário, como localização, comportamento, cliques passados, histórico de pesquisa (você já entrou em um shopping e recebeu uma mensagem de promoção de uma loja?). E aí entram informações com apelo emocional, econômico, moral e não científico.
O profissional nutricionista é um profissional multifacetado e com várias e importantes inserções em diferentes ambientes e locais de trabalho. É o profissional mais competente para falar sobre alimento em qualquer aspecto.
Na área de produção de alimentos é vital a presença do profissional. Seu papel neste segmento compreende desde o desenvolvimento de produtos (no caso da indústria) até a adequação de portfólio com ajustes às necessidades do consumidor e às recomendações de ANVISA. Ser responsável técnico em uma empresa do ramo alimentício implica em não somente cuidar do produto, mas também desenvolver manuais de procedimento internos de qualidade e até mesmo produzir documentos de validação de segurança e qualidade de produto. Dentro deste mesmo segmento é possível ser responsável pelo departamento regulatório e assim discutir e implementar registros em nível nacional, com impacto na saúde da população.
Nas áreas de produção e varejo é também comum encontrar o nutricionista na função de speaker, atuando em comunicação e marketing. Aqui, seu papel principal é comunicar com responsabilidade e ética as características dos alimentos e também sua segurança e adequação de consumo. A comunicação responsável evita a propagação de fake news em alimentação e saúde, e desmistifica riscos inadequadamente associados ao consumo de alguns grupos alimentares específicos, transmitindo segurança aos produtores, ao comerciante e ao consumidor.
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Lara Natacci,nutricionista, mestre e doutora pela Faculdade de Medicina da USP; Vanderli Marchiori, nutricionista, especialista em Fitoterapia e com experiência em atendimento de pacientes com alergias.