Afinal, o que é o blockchain?

José Renato Nalini

 

Foi em 2008 que alguém ou um conjunto de pessoas, servindo-se de um nome fantasia – Satoshi Nakamoto – ofereceu ao mundo uma resposta para a possibilidade de falhas em sistemas de dados. Falhas que vão da fragilidade de armazenamento, ao uso de táticas ilícitas que multiplicam o que deveria ser único.

A tática vedaria a potencialidade de venda de um mesmo bem para várias pessoas. O intuito de Sakamoto é garantir a validade de registros, sem a necessidade de que exista confiança entre todos os agentes envolvidos na operação.

Gera perplexidade a intenção de fazê-lo independentemente de uma autoridade central que valide e certifique a cadeia de operações a ser garantida. O cenário é bem instigante. Parece impossível a obtenção de consenso sem que os agentes sejam ouvidos, seja para consentir, seja para dissentir.

O interesse cresceu após a criação da World Wide Web com sua força potencializadora de multiplicar os dados e de tornar mais frágil a preservação dos direitos autorais. A dupla Haber e Stornetta desenvolveu um sistema em que cada documento gera uma sequência de letras e números, conhecida como “hash”. Ela inclui o horário da criação e o hash do documento anterior. Era uma proteção bem idealizada, mas deixava em aberto a possibilidade de adulteração da cadeia de hashes.

Foi assim que durante dez anos funcionou o que se chamou “block of chain”, ou bloco de cadeia. O passo de Satoshi foi no sentido de evitar a necessidade de uma autoridade central e pudesse exercer poderes tirânicos. Além disso, a intenção era preservar a identidade real dos partícipes da cadeia.

Daí para a criação da moeda digital – o bit gold – foi um passo. Ela proíbe a duplicidade de operações, mediante um consenso chamado prova de trabalho. Como isso poderia afetar os Bancos, as economias mundiais já cuidaram de criar suas próprias moedas.

Prevê-se que isso tornaria a economia mais eficiente, permitiria efetivo controle de agentes privados, mas seria uma outra revolução dentro desta em que já nos encontramos, depois que imersos na Quarta Revolução Industrial. Quem viver verá!

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José Renato Nalini, reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove, presidente da Academia Paulista de Letras (APL); foi presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo

 

 

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