Alvaro Vargas
Entre os adeptos do cristianismo, muitos são batizados em suas religiões, e esse ritual existedesde as antigas civilizações (babilônios, egípcios, gregos, romanos, hindus etc.). Na Palestina, João Batista utilizava dessa prática, que deu origem ao seu nome. Como missionário, preparou o povo para a vinda do Messias, tanto que clamava:“aquele que vem depois de mim, cujas correias das sandálias não sou digno de desamarrar” (João, 1:27). Analisando o trabalho desse profeta em seu aspecto psicológico, utilizou-seum método interessante na reeducação dos indivíduos, pois, exigia deles o arrependimento dos equívocos praticados, e uma disposição para superar as suas mazelas morais. Os fiéis acreditavam que “todos os pecados seriam lavados”, eliminando o sentimento de culpa,ficando livre depensamentos negativossobre os erros praticados. Ao alertar o povo sobre o Messias, João divulgava a crença de que a vinda dele estava próxima.Mas, embora utilizada pelos seguidores do Cristo (Atos, 2:38; Marcos, 16:16), o batismo naquela época foi necessário, apenas devido ao atraso moral e intelectual em que se encontrava a nossa humanidade; com as novas orientações de Jesus através do Espiritismo (O Consolador), essa prática do passado tornou-se desnecessária.
Diferente de outras correntes religiosas cristãs, a igreja católica batiza os recém-nascidos, supondolivrá-los do “pecado original”. Uma interpretação questionável, pois assume que Deus criaespíritos maculados por um erro que não cometeram. Os rituais contidos nas religiões mudam, foi assim com os sacrifíciosem que eramutilizados seres humanos, e foram substituídospor animais até serem abolidos. Entendemos que batismo é um resquício de rituais passados, e eventualmente deixará de existir, quando a sociedade alcançar um nível de consciência mais elevado.
João Batista como o percussor do Cristianismo era conscienteque cumpria uma missão, pois enquanto ele batizava os seus adeptos com água, mencionava que o Messias os batizaria”com o Espírito Santo e com fogo” (Mateus, 3:11), significando o despertar de nossa espiritualidade através vivência da Boa-nova de Jesus, e ao esforço necessário parasuperarmos as nossas limitações morais, um verdadeiro “batismo de fogo”.Apregação de Joãofoi adequada para a sua época, porque as profecias falavam da vinda do Messias (Malaquias, 4:5-6), e que Elias viria primeiro. Sabemos que João era o Elias reencarnado, assim, a identificação de Jesus foi importante, conforme registrado no diálogo entre os dois no rio Jordão: “Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim? Jesus, porem disse-lhe: deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então ele o permitiu” (Mateus, 13:14-15).
Esse batismo de Jesus, foi interpretado como um requisito para todos os fiéisque desejam ser “salvos”, conforme é adotado pelas igrejas católicas, ortodoxas e protestantes. Mas o ato de espargir água em alguém, fora o aspecto psicológico, não tem nenhum efeito. Segundo Emmanuel (O Consolador, questão 298, Chico Xavier), “Os espiritistas sinceros, na sagrada missão de paternidade, devem compreender que ao batismo, aludido no Evangelho, é o da invocação das bênçãos divinas para quantos a eles se reúnem no instituto santificante da família. Longe de quaisquer cerimônias de natureza religiosa, que possam significar uma continuação dos fetichismos da Igreja Romana, que se aproveitou do símbolo evangélico para a chamada venda dos sacramentos, o espiritista deve entender o batismo como o apelo do seu coração ao Pai de Misericórdia, para que os seus esforços sejam santificados no instituto familiar, compreendendo, além do mais, que esse ato de amor e de compromisso divino deve ser continuado por toda a vida, na renúncia e no sacrifício, em favor da perfeita cristianização dos filhos, no apostolado do trabalho e da dedicação”.
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Alvaro Vargas, Eng. Agrônomo- Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita