Os espíritos obsessores podem cometer um assassinato?

Alvaro Vargas

O processo obsessivo dos espíritos sobre as pessoas, sempre se inicia pela sintonia mental. Os chamados “encostos”, que são espíritos que simplesmente “usam” as suas vítimas para algum proveito, quando elas possuem algum desvio moral (alcoolismo, sexolatria, drogas aditivas etc.), são geralmente interrompidos pela simples mudança de comportamento do indivíduo. Uma vez rompido a “ponte” de ligação (que era o vício), o obsessor perde a possibilidade de “vampirizar” a sua vítima.

Entretanto, quando existe uma vinculação mais forte entre o obsessor e a pessoa encarnada, que transcende essa existência, essa aproximação entre os dois pode gerar um processo obsessivo mais complexo. A vítima de ontem, travestida agora como verdugo do além, devido ao atraso moral e ao nível de ultraje sofrido, se não conseguir perdoar, agora busca a vingança. Muitos desses obsessores se associam a outros espíritos dementados pela dor e pelo ódio, nessa vindita cruel, formando verdadeiras “quadrilhas”, especializadas nessa empreitada. O espírito André Luiz (Ação e Reação, cap. 8, Chico Xavier), esclarece que muitos fazem cursos nas regiões do Umbral, citando a “escola de vingadores”, que preparam os obsessores, para prejudicar aqueles que são considerados culpados pela sua desdita, quando se encontravam na Terra.

Uma vez municiados de todas as técnicas obsessivas, se aproximam de suas vítimas, buscando o ponto central de sua fragilidade (vícios, dinheiro, sexo, vaidade etc.), influenciando seu alvo, podendo conduzi-lo ao fracasso moral, arrastá-lo para uma briga, provocar um acidente fatal, ou até mesmo um suicídio. Para essas situações, Manoel P. Miranda (Tormentos da obsessão, cap. 3, Divaldo Franco), cunhou a expressão “assassinato de cunho espiritual”. Como uma aranha que envolve a presa em sua teia, explora a falha moral daquele a quem pretende prejudicar, gradativamente se assenhorando de suas decisões, tornando-o uma marionete aos seus comandos mentais, que é ainda facilitada quando existe uma ligação pretérita entre dois.

Mas, além de provocar assassinatos pela “influência mental”, de acordo com o espírito Manoel P. Miranda (Transição Planetária, cap.11, Divaldo Franco), os obsessores podem provocar um “homicídio espiritual”, atuando diretamente sobre a sua vítima. Ele cita a atuação de um grupo de obsessores na Indonésia, que pretendia assassinar um indivíduo aliciador de jovens para a prostituição. Sem escrúpulos, esse criminoso seduzia as jovens com promessas falsas, e as conduzia para a Europa, a fim se servirem nas redes de prostituição. Os obsessores tinham ligações com as vítimas ultrajadas por ele, e buscando vingança, inoculavam energias negativas em seu perispírito, visando provocar um ataque cardíaco fatal, que só não ocorreu devido à ação do espírito Dr. Bezerra de Menezes. Nesse caso, a “ponte” mental que permitia o processo obsessivo, eram as ações criminosas na aliciação das jovens.

A obsessão já atingiu um caráter pandêmico, devido aos desvios morais de nossa sociedade. Além dos vícios, as iniquidades (egoísmo, cobiça, violência, vaidade etc.) permitem a instalação de processos obsessivos de sérias consequências. Portanto, a forma correta de neutralizar a ação obsessiva, é uma mudança de atitudes, melhorando o comportamento social e familiar. Ninguém desenvolve a fraternidade e amor ao próximo, se ainda não aprendeu a respeitar os familiares e as pessoas de modo geral. Como aspirar a proteção espiritual, se permanecer emitindo as energias repulsivas da inveja, dos melindres, das mentiras etc.; mudar o estilo de vida exige disciplina e força de vontade, e se não existir uma motivação muito forte para isso, os equívocos se perpetuarão em uma espiral de dor e sofrimento. Por isso, o conhecimento do Espiritismo é tão importante, podendo representar um primeiro passo na obtenção do “alvará” de libertação do processo obsessivo.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo,Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita