Juliana Baccarin
Qualidade é a criança e o adolescente aprendendo, contudo, não estão aprendendo, e a evasão escolar é enorme e trágica. Possuímos os piores indicadores segundo o PISA (avaliação da qualidade da educação no mundo). O Brasil gasta 6% do PIB com educação, gastamos muito com educação, mas por que não temos qualidade no aprendizado?
A solução para resolver o problema seria mais investimentos? Temos bons professores e dedicados, mas eles precisariam constantemente realizar cursos que seriam as “formações continuadas”? Ou o problema são as grades curriculares e as matérias impostas pelo MEC para as escolas públicas e particulares? As pessoas fazem um alarde entre escolas privadas e públicas, mas as matérias são as mesmas lecionadas em ambas. Ou são as Direções de Ensinos com má administração derivadas de nomeações políticas, e não pessoas que possuem mais conhecimento sobre a aprendizagem? Aproximadamente 74% dos municípios escolhem diretores escolares por indicação política. E os alunos ficam em média apenas 4,5 horas por dia na sala de aula, enquanto em países desenvolvidos varia entre 6 e 8 horas.
Precisa-se avaliar também as faculdades as quais os professores estão sendo formados, pois a grade imposta pelo MEC é muito teórica, precisando ser reformulada. Ou a solução apenas é o aumento de salário? Não é! Tem-se sempre que ver a causa da causa. O Brasil mais uma vez ficou entre os piores no PISA (provas realizadas por adolescentes de 15 anos de idade), de 79 países ficou na 54º posição, mas estamos acima da Argentina, Colômbia e Panamá (publicado dezembro de 2.019). Houve uma melhora de aprendizagem nas 3 áreas (ciência, matemática, leitura/interpretação), mas ainda possuímos um desempenho muito ruim.
O PISA mostrou que no Brasil 43% dos jovens de 15 anos não conseguiram atingir um nível mínimo em nenhuma das habilidades avaliadas. Países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) exigem um mínimo de 13%. Nossos jovens não sabem praticamente nada de matemática, ciências e leitura. Não conseguimos ter resultados, há de se ponderar que o ensino está equivocado, não necessariamente os professores em si, mas as matérias, os métodos e a interferência política.
Os melhores jovens brasileiros de 15 anos de idade se saíram piores do que os jovens de 15 anos que pertencem às classes mais pobres de países europeus e asiáticos. Isso é drástico. O Brasil em 2.015 pactuou com a ONU objetivos globais de desenvolvimento, se comprometendo em atingir a meta da ODS 4 (educação de qualidade), ocorre que, temos muitos desafios, e é notória a grande dificuldade na entrega de competências básicas. A OIT realizou uma reunião a cerca de dois anos, para debater como preparar as novas gerações para essa nova realidade que estamos vivendo, que se denominou de “Revolução 4.0”, que irá substituir o trabalho humano.
Quais serão os desafios do Brasil? Será inevitável se utilizar da inteligência artificial, robótica e automação, que exigirão competências mais sofisticadas do que o Brasil consegue entregar hoje, o que conseqüentemente extinguirão mais postos de trabalho, embora outros postos também serão abertos.
O problema começa cedo, no ensino infantil, que é a base da formação cognitiva e que garante as ferramentas de aprendizado para as crianças. Quanto ao ensino superior não existirão mais cursos extremamente longos, surgirão os “ecossistemas educacionais integrados”. Ensinar o aluno que ele é o principal Protagonista da vida dele, formá-los para autonomia.
Somando todo o dinheiro de impostos utilizados para custear à educação pública (da limpeza ao salário dos professores, passando por material didático, laboratórios e quadras esportivas), e considerando o que realmente é entregue, o desperdício é estrondoso. Todos querem uma educação de qualidade, com cidadãos preparados e conscientes que serão determinantes no estabelecimento de uma sociedade harmônica, próspera e sustentável. Só assim o Brasil será um país com mais oportunidades!
_____
Juliana Baccarin, advogada