Piracicaba 253 anos: vislumbrando o bem-viver

Adelino Francisco de Oliveira

 

No marco da celebração de seus 253 anos, a cidade de Piracicaba vive um momento histórico dramático, sofrendo com a perde de centenas de seus filhos e filhas, vitimados pela pandemia do coronavírus. O novo ciclo que se inaugura na cidade está carregado de desafios, mas traz também sonhos e esperanças de recomeços e renovação. Tempo de refletir, tempo de pensar, tempo de indicarmos novos projetos, reacendendo as luzes de esperanças. Sempre que a cidade faz aniversário, há um convite para a reconciliação com seus espaços, seu povo, suas riquezas, suas tradições. Almeja-se a inauguração de um tempo que traga bonança, justiça, equilíbrio, desenvolvimento social e econômico.

Ao comemorar mais um ano, que Piracicaba vislumbre a felicidade para todos e oportunidades iguais para os seus cidadãos. Momento único para se aspirar a uma cidade sempre democrática, aberta para a diversidade, com capacidade para gerar empregos e renda. Este é o momento em que se convida a todos para pensar projetos e a cidade que se quer para os próximos anos.

Neste dia de festa, dediquei-me a relembrar o que a cidade oferece de melhor e mais oportuno para toda sua gente. Trata-se de uma cidade culturalmente pujante, com uma atividade cultural intensa e diversa, com um parque industrial sólido e desenvolvido, com um comércio rico e amplo, com beleza natural e uma paisagem única, em sua colina, que nos convida sempre a sonhar e se encantar.

Ainda que se reconheça as potencialidades de Piracicaba, há que se considerar seus problemas e limites. É possível se elencar uma série de desafios, a título de exemplificação e ilustração. A questão da transição ecológica e da mobilidade é tema da política e da sociedade civil, devendo todos se sentirem convidados a pensar uma cidade mais sustentável. A expansão da arte e da cultura pelas periferias e comunidades também é uma reflexão central. Discutir o acesso dos vários bairros às manifestações mais ricas das artes é pensar uma cidade desenvolvida do ponto de vista humano e social. Potencializar o capital cultural das pessoas é garantir uma cidadania mais plena e efetiva. A leitura de uma educação mais participativa que integre arte, esporte e lazer deverá estar, concomitantemente, na arena das discussões públicas.

Pensar condições para o crescimento econômico, igualmente, é primordial. Como garantir renda, trabalho e emprego para todos, preservando sustento e proteção para as famílias? Seria interessante, numa perspectiva de construir o futuro, sugerir a ampliação do cooperativismo e de uma economia solidária? E como definir o papel do poder público, da prefeitura, na implementação de políticas públicas eficientes? Questões fundamentais que sugerem alternativas viáveis e criativas para alavancar desenvolvimento e a inserção das pessoas em um mercado de trabalho mais democrático e inclusivo.

A partir deste breve artigo, ponho-me a avaliar possibilidades. A verdadeira construção das práticas e das ações que enriquece o cotidiano da cidade deve perpassar os espaços da sociedade civil e política, envolvendo a todos. Comemorar o aniversário de Piracicaba, com uma leitura corajosa e solidária do futuro, pode nos motivar e nos lançar para o exercício da cidadania política, lembrando que a felicidade na cidade deve ser compartilhada por todos, com justiça e responsabilidade.

Que a cidade de Piracicaba, no alto de seus 253 anos, possa se constituir como o espaço do bem viver, sendo socialmente justa e ecologicamente sustentável. Vamos juntos, com esperança, defender o direito à cidade. Parabéns Piracicaba.

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Adelino Francisco de Oliveira, professor no Instituto Federal, campus Piracicaba, Doutor em Filosofia e Mestre em Ciências da Religião; [email protected]

 

 

 

 

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