Por que devemos perdoar setenta vezes sete vezes?

Alvaro Vargas      

        

Jesus estabeleceu um novo paradigma para toda a humanidade em seu diálogo com Pedro, quando este perguntou: “Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? Jesus respondeu: eu digo a você: não até sete, mas até setenta vezes sete” (Mateus, 18:21-22). Isso se traduz em perdoarmos indefinidamente o nosso agressor. Tão importante é o perdão, que Jesus também nos instruiu: se trouxeres a tua oferta ao altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali mesmo diante do altar a tua oferta, e primeiro vai reconciliar-te com teu irmão, e depois volta e apresenta a tua oferta” (Mateus, 5:23-24). Mas, considerando o nosso nível evolutivo, esse perdão não significa o esquecimento imediato da ofensa. Jesus espera que nós não retaliemos, evitando a vingança, pois isso nos nivelaria ao agressor. Com o devido tempo, inspirados pelos ensinamentos cristãos, conseguiremos “compreender” que todo agressor é uma alma moralmente enferma e que guardar mágoas significaria valorizar o mal que nos afligiu. O espírito Amélia Rodrigues (Há flores no caminho, Divaldo Franco) cita que o Mestre esclareceu Pedro sobre essa questão: “Quando alguém se volve contra nós, ele está sempre com razão. Se a acusação tem fundamento, deveremos amar a quem a faz, corrigindo-nos, mesmo que a intenção dele não seja edificante. Se é destituída de verdade ele ainda tem razão, porque, enfermo, vê o mundo e as criaturas conforme é, carecendo de piedade e auxílio fraternal”.

Em nosso programa reencarnatório na Terra, podem existir reencontros com pessoas com quem já nos relacionamos no passado, tanto para as realizações felizes, como ações criminosas. Como nossas faltas nos acompanham como sombras, até quitarmos todos os nossos débitos perante a “Justiça Divina”, Deus nos concede a oportunidade de repará-las. Como nada acontece por acaso, aqueles quem reencontramos em nossa romagem terrena, nos prejudicando de alguma forma, faz parte do resgate necessário, de modo a aprendermos a perdoar. Se retaliarmos a agressão, fracassaremos, adiando a experiência que será repetida em outra oportunidade, provavelmente, em condições agravadas. Portanto, na verdade, o nosso agressor nos faz um bem, mesmo que não tenha sido essa à sua intenção. Se somos atingidos pela violência, injustiça, inveja etc., é porque a nossa alma necessitava desse impacto negativo, para se libertar de alguma nódoa moral existente. Ao perdoarmos o agressor, nos libertamos desse carma. Ele seguirá o seu caminho com a consciência comprometida pela injustiça praticada, e, eventualmente, também terá de se libertar, fatalmente por processo equivalente, nesta ou em novas reencarnações.

Conforme a intensidade do ultraje sofrido, o perdão pode exigir um esforço hercúleo da vítima. Cego pelo desejo de vingança, o indivíduo pode manter-se em um ciclo reencarnatório em variadas situações, como vítima ou algoz, por tempo indeterminado. Apenas a força do amor, manifestada através do perdão, consegue romper essa espiral do ódio, entre aqueles que estão envolvidos nesse processo expiatório tão doloroso. O Espiritismo esclarece que o agressor é alguém que ainda se situa em uma faixa vibratória negativa, sofrendo pela sua própria inferioridade moral, na qual, provavelmente, já nos situamos, durante as nossas reencarnações passadas. Se ainda temos dificuldade em perdoar o ultraje sofrido, isso se deve às nossas limitações morais. Quando entendermos, que os maiores desafios que enfrentamos não são externos, e sim, os existentes em nossa alma, aceitaremos melhor as experiências que estamos vivenciando, e que todas essas situações guardam ensinamentos preciosos para o nosso processo evolutivo, em que o exercício do perdão faz parte de nosso aprendizado na escola da vida.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo, Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante, radialista espírita

 

 

5 comentários em “Por que devemos perdoar setenta vezes sete vezes?”

  1. Vera lucia costa da silva

    Não entendo porquê todas as pessoas que eu considero como amigas me traem. Não importa quem seja,mesmo irmã, parente ,cinhada ou cuncunhado,marido.Literalmente todos cometem coisas que me decepciona. O problema sou eu ?

    1. Paulo Sergio Ribas Augusto

      Porque, que a pessoa que a gente ama, não nos dar valor porque que só elas esta certas, elas sao corretas ,quem está do seu lado não presta não vale nada

  2. Paulo Sergio Ribas Augusto

    Porque, que a pessoa que a gente ama, não nos dar valor porque que só elas esta certas, elas sao corretas ,quem está do seu lado não presta não vale nada

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