Douglas S. Nogueira
Quem já teve a oportunidade de visitar um asilo? É de se imaginar, que muitos já fizeram essa visita. E qual foi o sentimento? A sensação proporcionada, ao ver aqueles inúmeros idosos desolados, sem esperança, não desejando eles mais nada, além da espera do fim de suas vidas?
Entrar em um asilo é deixar no portão do mesmo, toda nossa alegria, já que é inevitável não recebermos no espírito uma enorme parcela de tristeza. No interno desse local, encontramos pessoas injustiçadas pelas mãos da vida, indivíduos que foram jogados ao escanteio pelo seio muita das vezes de suas próprias famílias, pais e mães que lutaram um dia bravamente por seus filhos e hoje, aí estão recebendo o amargoso retorno, da ingratidão inexplicável dos mesmos.
O brilho no olhar desses idosos traz-nos reflexão, nos faz imaginar o que houve naquela família, que mal foi plantado naqueles corações responsáveis por internarem esses velhinhos, para tomarem assim essa bruta e cruel atitude. Realmente é triste levantar a cabeça e firmar o olhar no semblante de cada uma dessas velhas pessoas, as quais para a sociedade e principalmente para suas famílias já não servem mais.
Filhos gananciosos e sem sentimento algum, internam seus pais em um asilo com a intenção de tomarem posse total dos bens familiares, porém mal sabem esses que o cantinho do inferno os aguarda de braços abertos. Às vezes, simplesmente por uma doença declarada pelos médicos como que sem cura é o motivo crucial para a tomada de decisão da família, que não hesita em internar o idoso num asilo e o pior de tudo é que em tais mentes ainda imaginam “nos livramos desse peso!”.
Na verdade, a internação seria para os familiares, mas não em lares onde possam receber cuidados especiais e sim na cadeia, pois o prêmio para esses indivíduos amargosos e sem caráter é viverem perpetuamente atrás das grades, pena que ainda não existe uma lei para esse encoberto crime familiar.
Dentro dos asilos existem profissionais, que em diversos casos são corações voluntariosos dispostos a cooperarem em função da vida desses idosos excluídos do seio familiar, entretanto, atuam também pessoas amargosas e más intencionadas, que ali estão apenas para descarregarem seus ódios sobre a vida dos já massacrados velhinhos. Houve até casos, comprovados pela mídia de idosos que faleceram em função dos maus tratos proporcionados por essas pessoas que se apresentam a sociedade, como “caridosas”. Percebe-se aí que somos muitas vezes, inocentes quanto à escolha de indivíduos que irão compor essas entidades filantrópicas, piorando assim ainda mais a vida desses velhinhos.
Os asilos devem ser locais onde sejam depositados o amor e a compaixão, já que os idosos possuem a carência interna desses sentimentos. Cuidar desses velhinhos com carinho e dedicação é ter dentro de si uma grandeza sem igual, a maravilhosa sensação de dever cumprido e de que estamos mais próximos da vaga ao paraíso.
Quando são internados nos asilos, os idosos choram por dentro em um mar de solidão, porém quando começam a receber carinho e atenção, como que os premiando por tudo que fizeram na vida social e familiar, ganham no espírito um novo entusiasmo. As marcas tristes da vida iniciam um adeus, dando lugar à alegria incondicional de que estão ganhando inesperadamente uma nova família, mas o certo é que nunca tirarão da pequena escala de seus corações, a tristeza profunda que a ingratidão de suas famílias os ofereceu.
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Douglas S. Nogueira é técnico de Planejamento da Manutenção – E-mail: douglas_s [email protected]