Alvaro Vargas
O cenário político do Brasil tem sido a causa de muitas discussões entre os indivíduos, que simpatizam com as diferentes correntes ideológicas existentes. A mídia, nem sempre fiel à verdade, visando interesses econômicos, alimenta a exaltação dos ânimos, criando situações conflituosas, que chegam a envolver familiares e amigos, com visões políticas diferentes. Embora a participação política do cidadão seja importante, os embates ideológicos não podem ultrapassar os limites do respeito mútuo, em qualquer ambiente em que isso ocorra.
De acordo com o espírito Humberto de Campos (Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, Chico Xavier), logo após o “descobrimento” do Brasil, por Pedro Alvares Cabral, o espírito Helil (que teve uma reencarnação, como Henrique de Sagres, em Portugal), no mundo espiritual, procurou Jesus, e preocupado, mencionou que a pirataria praticada pelas nações ambiciosas poderia matar as esperanças do projeto de formação da pátria do Evangelho, invalidando as suas possibilidades como nação, e destruindo os seus tesouros. Jesus esclareceu: “Helil, afasta essas preocupações e receios inúteis. A região do Cruzeiro, onde se realizará a epopeia do meu Evangelho, estará, antes de tudo, ligada eternamente ao meu coração. As injunções políticas terão nela atividades secundárias, porque, acima de todas as coisas, em seu solo santificado e exuberante estará o sinal da fraternidade universal, unindo todos os espíritos. Sobre a sua volumosa extensão pairará constantemente o signo da minha assistência compassiva e a mão prestigiosa e potentíssima de Deus pousará sobre a terra de minha cruz, com infinita misericórdia. As potências imperialistas da Terra esbarrarão sempre nas suas claridades divinas e nas suas ciclópicas realizações. Antes de o estar ao dos homens, é ao meu coração que ela se encontra ligada para sempre”. Nossa pátria, sob a proteção de Jesus, a despeito das limitações humanas, tem mantido o seu desenvolvimento, e as suas fronteiras, delimitadas no plano espiritual, mantiveram-se resguardadas. Enquanto a região colonizada pelo império espanhol, se fragmentou, originando vários países, o Brasil, com o formato geográfico de um coração, tem se mantido conforme a determinação do Mestre Galileu.
Ao observarmos a história, constatamos o quanto foram danosas as paixões políticas, e quando descontroladas, causaram sérios conflitos e destruição. Os nobres ideais da “revolução francesa” de “liberdade, igualdade e fraternidade”, que serviram de inspiração para outras nações, transformaram-se numa guerra civil naquele país, criando a famigerada “guilhotina”, utilizada na execução de milhares de vidas. A sociedade francesa passou por uma grande transformação, eliminando os privilégios feudais, aristocráticos e religiosos, provocada pelos ataques de grupos políticos radicais da população nas ruas e camponeses na região rural do país; a sua pacificação apenas ocorreu durante a liderança de Napoleão Bonaparte. Embora a transformação social na França tenha sido necessária, o morticínio ocorrido durante os embates políticos poderia ter sido evitado, se não fossem as paixões exacerbadas de sua população. Uma lição para nós brasileiros, de modo a evitarmos um clima de hostilidade, buscando manter o sentimento de fraternidade que deve imperar em todas as discussões ideológicas.
O Espiritismo, o cristianismo redivivo, ao esclarecer que embora exista a injustiça social dos homens, não existem injustiçados, pois todos reencarnamos dentro de um projeto específico para cada um de nós, sempre de acordo com a justiça divina (lei de ação e reação), na qual colhemos o que semeamos, nesta e nas existências pregressas. Para os cristãos, principalmente os espíritas, agraciados com as luzes da “Terceira Revelação”, pesa a responsabilidade da vivência fraterna em qualquer situação, valorizando a “política” do Cristo que é “amai-vos uns aos outros como vos amei”.
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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo,Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita