Giuliano Pereira D’Abronzo
Controvertido tema, hoje e sempre, o trabalho é tratado, por alguns como algo pesaroso, difícil, desgastante, algo que afastaria as pessoas do que realmente importa. Para outros, o trabalho é o resultado do esforço colocado em um objetivo. Pode igualmente ser cansativo ou desgastante, por requerer muita energia, mas, com esta segunda visão, ele passa também a ser gratificante. E é gratificante por levar a pessoa, através de seu esforço e dedicação, a um resultado.
Pode-se até usar o termo sacrificante, na conotação de que o trabalho (ofício) é oferecido como algo sagrado (sacro) para a realização de um objetivo. Muda-se o conceito do que é trabalho, se pensarmos assim.
Mas, por vezes, somos levados a ver algo surpreendente. O trabalho, tão necessário para o sustento do corpo de quem trabalha e de sua família, é impedido de ser realizado. E isso é afastar a pessoa de sua dignidade, já que retirar a possibilidade de trabalhar é tirar a oportunidade de a pessoa se sentir útil. O afastamento pode-se dar por doenças, acidentes, necessidade dar atenção a algo. Mas pode acontecer também do enceramento da atividade ou empresa, dispensa, dentre outras.
Ora, quem já não viu pessoas que se deprimem por não se sentirem úteis? Ou mesmo pessoas que se aposentam e que procuram algo para fazer, para sentirem que ainda são capazes de produzir e sentirem-se úteis? Eis aí, pois a forma mais prática de ver que o trabalho dignifica a pessoa. E nós deveríamos dignificar o trabalho.
A melhor forma de se fazer isso é dar a devida importância ao trabalho. Todos os trabalhos são úteis e necessários. Não há trabalho mais importante, pois na grande engrenagem que é a sociedade um trabalho da suporte a outro. Em outras palavras, uma pessoa, ao fazer bem feito o seu trabalho, dá suporte para que outra a exerça também.
Vê-se, assim, que não há como classificar se um trabalho é essencial e outro não. Todos são essenciais. É preciso que ampliemos nossa capacidade de compreender a importância de cada um para vermos isso. Mas, se ainda não estivermos preparados para essa compreensão, que ao menos consigamos ver a importância daquele trabalho para quem o exerce, ou seja, a necessidade desse trabalho para a subsistência de quem trabalha e de sua família. Conseguimos ao menos ver isso?
Impedir as pessoas de trabalhar é tirar uma das mais fortes ferramentas de valorização da vida e da dignidade. É tirar a esperança de transformar o meio e transformar-se. É tirar aquele brilho nos olhos de quem pode falar “eu consegui”, “eu fiz”, a satisfação de poder fazer algo.
Eis, por conseguinte, um dos mais atrozes erros que se comete hoje em dia.
______
Giuliano Pereira D’Abronzo, servidor público federal