Magia negra existe?

Alvaro Vargas

 

A “magia negra” é definida como o manejo de forças sobrenaturais, com intenções e propósitos malévolos, sendo geralmente realizada através de cerimoniais e objetos destinados a prejudicar uma possível vítima. Entretanto, na visão espírita, a sua ação não derroga as leis naturais. Entendemos que “magia negra”, é a manipulação mental de forças da natureza, e foi considerada no passado como “sobrenatural”, apenas porque eram desconhecidos os princípios da atuação mental dos espíritos. Os seus efeitos maléficos não decorrem dos rituais praticados, mas da força mental e da vontade do espírito que a pratica. Ressaltamos que, embora nenhuma energia negativa possa nos afetar sem a permissão Divina, somos almas em evolução, ainda imperfeitas, com possibilidades cármicas de sermos atingidos pelas ações mentais de espíritos obsessores, encarnados ou desencarnados, dependendo da nossa sintonia mental.

Allan Kardec (O Livro dos Espíritos, questões 549-557) explica que algumas pessoas dispõem de grande força mental, e quando moralmente atrasadas, podem fazer mau uso dessa energia, em associação com espíritos maus. Esse “conluio”, ocorre de forma similar às associações criminosas entre os homens, mas sem existir a possibilidade de se “vender a alma para o diabo”, pois essa crença no passado era devido a ignorância quanto às leis Divinas.  Mesmo que essa “trama” com os espíritos inferiores, não seja exatamente “magia negra” (mas pode se tornar pela ação mental e pela vontade que a materializa), a associação criminosa é um dos instrumentos utilizados. Mas, caso a conduta da vítima esteja pautada dentro dos postulados cristãos, essa ação obsessiva se torna inócua, pois é criado uma barreira energética que neutraliza qualquer mentalização negativa.

Cito uma reunião de desobsessão, em que presenciei um caso de “magia negra”. Tratava-se de uma senhora que havia desencarnado, vítima de um ataque cardíaco fulminante. Pelo que sabíamos, a vítima era uma pessoa temperamental e frequentemente se envolvia em discussões por motivos fúteis, angariando muitas inimizades. Durante o trabalho de vibrações mentais, vários espíritos obsessores, de forma simultânea, se manifestaram (psicofonia), através dos médiuns, confirmando que a empreitada sinistra de fato ocorrera.

Os obsessores, refratários a orientação cristã, não manifestaram nenhum arrependimento em ter prejudicado a vítima, alegando que apenas cumpriram o “trato” que foi feito, mediante um pagamento recebido, dando a entender que haviam sido enviados por algum inimigo dessa “vítima”. Após orarmos, se retiram, permitindo ao guia espiritual da médium, nos esclarecer sobre essa ocorrência, que foi um “despacho” (trabalho espiritual para prejudicar alguém) em um terreiro, utilizando inclusive um coração de boi. Após tecer as orientações doutrinárias pertinentes, ele se despediu, e permitiu que a “vítima” se manifestasse através da médium. Em lágrimas, revoltada, ela não se conformava com o assassinato de cunho espiritual que sofrera. Na medida do possível, foi consolada e seguiu com os mentores espirituais.

Pelo Espiritismo compreendemos que a “vítima” ao ter um comportamento agressivo, além de angariar inimigos, alterou de forma negativa o seu padrão moral, permitindo a sintonia mental com os espíritos obsessores. O coração animal, serviu para direcionar a mentalização das energias negativas dos obsessores, para a vítima, e devido ao nível evolutivo inferior desses espíritos, eles podem ter “aspirado” os fluidos vitais do coração animal (que todos os organismos vivos possuem), para se fortalecerem. Como nada acontece por acaso, é provável que existisse a possibilidade, dentro da programação reencarnatória dessa “vítima”, passar por essa experiência. Caso durante a sua existência, ela tivesse mudado o estilo de vida, sendo mais fraterna e caridosa com as pessoas, essa tragédia talvez pudesse ter sido evitada.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo, Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

 

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