Pamonhas, pamonhas, pamonhas. Rivotril, Rivotril, Rivotril. Deus nos salve deste pandemônio chamado Brasil – pé de pato, mangalô três vezes! Meu pai de santo, inbox, me disse que o Brasil está numa encruzilhada – está sim, só que ele é a galinha preta afogada na farofa. Chamem todos os orixás que o Brasil virou ebó! E a coisa está tão feia que se jogar o Brasil no mar, Iemanjá devolve. Saravá! Só Exu na causa. Exu é meu pastor e nada me faltará – mas se o país tivesse ao menos um ministro da saúde e um da educação, já dava para começar. Axé! Exu é fiel! Corro para o terreiro quando a coisa aperta, mas agora está até dando vergonha de chamar os santos. Exu é fiel, mas tudo limites.
Carma. Não vejo nada mais do que isso para explicar nossa desgraça: carma, carma imediato. E carma que a coisa vai piorar, pode ter certeza! Carma que para viver no Brasil do Demo só cerveja com Rivotril em cima da mesa. Pamonhas, pamonhas, pamonhas. Que desgraça pouca é bobagem! Nem os gafanhotos quiseram vir para cá – o cheiro que vinha de Brasília era péssimo e eles resolveram mudar a rota para um país mais asseado, mais civilizado. Arre! Fomos rejeitados até pelos gafanhotos! De alguma coisa serviu o cheiro de enxofre que vem do Planalto Central. Se nem os gafanhotos aguentaram o Tinhoso – cruz-credo – imaginem, então, o que pensam da gente a ONU, as comunidades internacionais, o Mercado Comum Europeu. Haja água de cheiro para lavar as nossas escadarias e a cara de pau de certos pseudospolíticos! Haja defumação para expulsar o Cão e os seus filhos – que os filhos do Cão também mandam agora nesta terra pamonhal. Pamonhas, pamonhas, pamonhas!
Agora, a voz do Brasil vem acompanhada de um sanfoneiro. Que inferno! Pegaram o sanfoneiro mais desafinado do país – que, aliás, nem sanfoneiro é! Sanfona e cargo público nunca deram certo. Jesus! Que o Brasil é uma galinha preta morta na encruzilhada, afogada na farofa ao som de um sanfoneiro medonho. Só Exu na causa! Ser brasileiro e viver no Brasil elimina qualquer carma para as outras existências, se houver outras – pelamor! Que na próxima vida vamos nascer na Suíça. Já pensou? Viver no Brasil é cármico. Nem roteirista de filme B pensaria na trama que vivemos: “um país assolado pela peste, um governo sem neurônios no poder, o povo querendo ir para as ruas para contrair a doença logo e, ao fundo, um sanfoneiro desafinado cantando a Ave Maria.” Exu Salva! Pode passar naquele canal “da igreja” que dá certo: novela ruim e copo d’água milagroso na televisão rende!
E o ex-quase Ministro da Educação, o currículo mais rápido do Oeste? Foi à farmácia, põe no currículo: farmacêutico prático. Foi à Alemanha, doutorado em chucrute. Haja Lattes! Ele é o Homo-Lattes! E não pensem, não. Já está lá no Lattes do cidadão: ex-ministro. Caramba! Ministro Express é outra coisa. Vai, Brasil! Sem saúde, sem educação e com mais de 60 mil cidadãos mortos pelo Coronavírus – para as “otoridades” dizerem: “e, daí?” Só Exu na causa. Só Exu salva! Amém, irmãos. Podem passar a sacolinha que com a pandemia o dízimo diminuiu. Ou, como diria Manuel Bandeira em Pneumotórax, agora só nos resta é “tocar um tango argentino”. Mas nada de chamarem o sanfoneiro do Cão. Pelamor! Que Exu salva, mas tudo tem limites.
E que nos protejam todos os santos, anjos e guias – a semana está só começando. Pelo que andam dizendo por aí, um certo advogado com cara de ator da série “O Poderoso Chefão” está prometendo cantar igual passarinho. Solte a voz, Pavarotti! E preparem os incensos, os banhos de folhas, o copo com sal grosso. E preparem também a pipoca – não só para o Santo – que a parte B desse filme ordinário de segunda categoria em que transformaram o Brasil está só começando.
Saravá! Rivotril. E pamonhas, pamonhas, pamonhas acima de tudo!
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Alexandre Bragion é editor do site Diário do Engenho