O passado presente da capoeira

Eliete Nunes

 

É luta? É dança? É história, nossa história. É briga? É violência? Não, mas tem sangue, o nosso.

Criada pela dor, difundida pela beleza, capoeira.

Oriunda da escravidão no Brasil, a capoeira se fez como forma de luta e resistência. Não só utilizada como forma de defesa física pelos escravos, a arte foi uma forma de resguardar a identidade dos escravos africanos. Identidade a qual o homem branco escravocrata fez de tudo para tentar apagar, tanto que a arte, ficou proibida oficialmente até 1937, mas nunca deixou de ser praticada.

Considerada patrimônio cultural brasileiro desde 2008, a capoeira é transformadora; trabalha a disciplina, educação, exercício físico, alongamento e resiliência.

Com golpes envolvendo chutes e balanço de corpo como o martelo, meia lua e a rasteira, a arte se mostra incrivelmente suave e ao mesmo tempo poderosa, sendo uma mistura de ginga e força bruta, no mesmo movimento.

A arte é até hoje propagada por todo o país, com diversos grupos e associações, os capoeiristas continuam mantendo nossa herança cultural viva, passando de uns para outros os ensinamentos e virtudes da arte, que vai muito além de um trabalho para o corpo, é um exercício de alma e espiritualidade, que fortalece o físico no mesmo tempo que acalma a mente.

Em Piracicaba, não poderia ser diferente. Hoje, a cidade conta com inúmeros mestres da arte, diversas academias e grupos que ajudam a manter viva a cultura brasileira.

Como é o caso de Adilson Nascimento, mais conhecido como Mestre Nambú, fundador da Associação de Capoeira Quilombo do Corumbataí, que se esforça para passar os ensinamentos da arte para seus alunos de forma didática, esclarecendo que o mais importante, é a educação e os fundamentos da capoeira. O Mestre ainda cita o esforço para desassociar a arte como forma de violência explicita, associação que mesmo com anos do esporte, infelizmente, ainda acontece.

Para Vagner C. Farias, Contra Mestre Vaguinho,da Escola Piracicabana de Capoeira Angola, éimportante que haja incentivo para que a capoeira seja cada vez mais acessível à população que reside na periferia, pois o objetivo da capoeira é transformar pessoas.

A capoeira continua viva, progredindo, se adaptando e se fortalecendo, tendo hoje como já teve no passado, a sua função de resistência e de luta.

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Eliete Nunes, é enfermeira, Advogada e foi Secretária Municipal de Assistência eDesenvolvimento Social de Piracicaba de 2012 a 2020. É autora do livro Biografia de uma Gestão.

 

 

 

 

 

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