Coopep e cooperativismo para um mundo melhor

 Joana Machado Banov

 

 

Há evidentes sintomas nos dias atuais de que a Humanidade experimenta uma crise civilizatória, fruto, ao que parece, da disseminação do individualismo exagerado e da competição destrutiva. Nesse contexto, as sociedades de um modo geral têm sido afetadas pela descrença nas soluções democráticas.

Sem a pretensão de invocar o cooperativismo como solução universal para contornar essas dificuldades, vale assinalar que os valores básicos sobre os quais se edifica faz dele uma referência que pode contribuir na procura de uma sociedade melhor em todos os sentidos. Que valores são esses?

Solidariedade. Liberdade. Democracia. Justiça Social. Equidade. Participação. Universalidade. Honestidade.

São valores que dispensam explicações, pois falam por si próprios.

Os membros de uma cooperativa atuante são encorajados reiteradamente a compreender e a praticar esses valores, sob pena de fracassarem no cumprimento dos objetivos que os levaram a optar por essa modalidade de organização social.

No início dos anos 90, há exatamente 27 anos, um grupo de pais idealizou um novo caminho para a educação dos filhos. Buscaram um modelo de administração escolar diferenciado, optando pelo cooperativismo, e alinharam a gestão a uma proposta pedagógica formadora de pessoas mais pensantes, criativas, solidárias e autônomas. Nascia então a Escola Coopep – Escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental, mantida pela Cooperativa Educacional de Piracicaba – a COOPEP, que é administrada por pais.

A COOPEP, assim como toda cooperativa, firma suas decisões em assembleia geral, órgão supremo que define diretrizes e elege os conselhos de administração e fiscal, ambos formados exclusivamente por cooperados. A execução das atividades da Cooperativa e da Escola fica sob responsabilidade de profissionais contratados.

O projeto administrativo do negócio cooperativista expande-se à proposta do projeto educacional, baseado em princípios construtivistas e orientado para a aprendizagem cooperativa.

A aprendizagem cooperativa não é uma prática recente, remonta à Grécia Antiga. A aprendizagem cooperativa e de trabalho em grupos prepara os estudantes para enfrentar a realidade profissional. A partir deste pressuposto, a Escola Coopep tem sua proposta pedagógica apoiada numa aprendizagem ativa, por meio do estímulo ao pensamento crítico, ao desenvolvimento de capacidades de interação e cooperação entre os estudantes e docentes.

A Cooperativa está em constante movimento e mantém sua identidade há 27 anos. Essa performance incrível não significa que transformação e fortalecimento também não sejam constantes, afinal, é preciso evoluir ao longo do processo de aprendizagem, seja ele qual for.

Hoje somos 182 cooperados e administrar a Cooperativa não é tarefa trivial. Na perspectiva do cooperativismo, que alia colaboração e partilha de resultados, é preciso criar práticas onde as pessoas convivam em espaços decisórios, entendendo que ninguém perde quando todo mundo ganha. Sabemos muito bem que espaços democráticos não são isentos de questionamentos, problemas e turbulências, demandando permanentemente diálogo e negociação.

Certamente, o cooperativismo praticado em sua plenitude, com sustentabilidade, para além do êxito da sua atividade-fim, torna os seus protagonistas seres humanos melhores, mais generosos e resilientes ao pessimismo e ao individualismo. Examinando o impacto do cooperativismo no ambiente externo, podemos dizer, sem medo de errar, que ele é extremamente benéfico à sociedade como um todo.

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Joana Machado Banov, graduada em Matemática pela UFSCar e Doutora em Engenharia Elétrica pela Unicamp, mãe de dois estudantes na Escola Coopep e, atualmente, preside a Coopep

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