A arte dos grafites urbanos

Eliete Nunes

 

No meio das ruas, entre becos e vielas, lá estão eles. Arte urbana, contemporânea. Vandalismo? Só para os que não conseguem compreendê-lo. Grafite.

E de onde veio essa prática tão contraditória? Nasceu junto com as grandes metrópoles num passado não tão distante? Errado.

Na Idade Média, alguns padres já tinham costume de rabiscar nas ruas, escreviam em muros de conventos rivais para expressar sua ideologia e criticar governantes. A segunda guerra mundial popularizou o aerossol, assim dando a arte de rua mais mobilidade e velocidade com as famosas latas de spray. Permitindo assim o surgimento de artistas pioneiros como Darryl McCray, o “Corn Bread’’, grafiteiro da Filadélfia, tido por muitos como um dos criadores do estilo moderno.

Geralmente feito com latas de aerossol, estêncil e rolos de tinta, muitas vezes com cunho político, o grafite se fez como arte, arte urbana, estampada em paredes, muros, aonde der. Aonde couber.

Sem uma temática padrão, os trabalhos variam desde desenhos abstratos e pinturas até artes de realismo, mostrando que é uma cultura muito variada e aderida por pessoas dos mais distintos gostos.

O grafite passou por muito tempo sendo tido como ato de vandalismo, e é por alguns até hoje. Mas no geral, a compreensão do mesmo como arte vem se estabelecendo na opinião de muitos, desde pessoas que os vê sem querer na rua indo ao trabalho até críticos e museus de arte por todo o mundo.

O Brasil é um grande expoente da arte no mundo, com artistas em todos os estados do país, a pratica vem cada vez mais ganhando admiradores e seguidores. Não teria como falar de grafite no país sem citar o maravilhoso trabalho feito por ” OSGEMEOS ”: Dupla de grafiteiros naturais de São Paulo, que com suas exposições realizaram inúmeras mostras individuais e coletivas em museus e galerias de diversos países, como Cuba, Chile, Estados Unidos, Itália, Espanha, Inglaterra, Alemanha, Lituânia e Japão.

Como os próprios irmãos definem seu trabalho: ”Para entender a obra de OSGEMEOS é necessário deixar que a razão de lugar ao imaginário – atravessar portas, se permitir perceber as sutilezas e embarcar numa experiência que excede a visual. Sentir, antes, para entender depois.”

É muito importante se preservar a cultura do grafite, como uma arte de origem popular que ganhou o respeito no mundo artístico, que muitas vezes pode acabar sendo um ambiente conservador quanto a novas técnicas, se fechando numa bolha danosa para o mundo da arte, fazendo com que todos saiamos perdendo, dos artistas ao público. Nosso respeito aos artistas populares: Bravos! Bravíssimos!

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Eliete Nunes, enfermeira, advogada, foi Secretária Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de Piracicaba de 2012 a 2020; autora do livro Biografia de uma Gestão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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