Acreditamos que o papel da Sociedade Civil organizada não é apenas sentar e assistir as medidas tomadas pela prefeitura, mas ter um papel ativo e protagonista no desenrolar da crise, pois ela afeta a todos sem distinção e pode ser determinante para o futuro da cidade e de seus cidadãos. Isto é, não é uma questão meramente partidária do aqui e agora, mas algo que vai muito além e diz respeito a vida de todos.
Somos um movimento suprapartidário, aberto a todas as pessoas que queiram se engajar na luta contra a pandemia e que buscam uma sociedade mais justa. Uma cidade que ofereça a seus concidadãos a dignidade necessária para uma vida feliz.
Nos primeiros dias da Pandemia, o Coletivo “Oswaldo Cruz” lançou um manifesto que contou com a assinatura de mais de 300 pessoas. Nesse manifesto, nós já falávamos da importância da participação da Sociedade Civil organizada no combate à pandemia e seus efeitos colaterais.
Assim, diante da grave crise sanitária e social que enfrentamos, pautamos as nossas ações, em um primeiro momento, na disseminação de informações e orientações de utilidade pública, facilitando uma rede de comunicação entre as iniciativas que ocorrem na cidade. Dessa forma, nasceu um dos nossos braços, o SOS PANDEMIA, que agrega diversos projetos solidários pela cidade, coordenando de maneira horizontal, as ações e as medidas necessárias para levar o mínimo necessário a tantas famílias vulneráveis.
Foi a partir do SOS pandemia, que passamos a articular a COSTUPIRA, uma Cooperativa de trabalho de Mulheres Costureiras de Piracicaba, que está a todo vapor, em um processo de autogestão das próprias cooperadas, reunidas através da rede estabelecida pelo Coletivo “Oswaldo Cruz”. O projeto COSTUPIRA vai além da solidariedade em si e projeta para a vida das cooperadas a geração de renda e de consciência de que somente através do acolhimento e da ação coletiva é que podemos proporcionar dignidade às pessoas.
Além dessas ações de caráter mais direto, também continuamos apostando na possibilidade de diálogo entre a Sociedade Civil organizada e o Poder executivo municipal – apesar da sua aparente incapacidade de abrir diálogo conosco.
Por meio de cartas e notas públicas, visto que diversas informações não são divulgadas publicamente pela prefeitura, questionamos e propomos algumas ações para o enfrentamento da crise epidêmica. Dentre as propostas, poderíamos citar como exemplos: visibilizar e apoiar os setores sociais mais vulneráveis aos impactos da pandemia de Coronavírus e seus efeitos socioeconômicos; desenvolver ações de proteção aos profissionais que estão na linha de frente na execução das medidas sanitárias e de atendimento aos afetados pelo vírus bem como os trabalhadores dos serviços essenciais.
Desde o princípio o Coletivo “Oswaldo Cruz” tem atuado e pressionado o Poder Público pela criação de um gabinete de crise, que não envolvesse apenas membros da gestão do senhor prefeito Barjas Negri, mas também que a gestão dialogasse com a sociedade civil organizada, na forma de um comitê consultivo. Porque não mobilizar as Comissões Locais de Saúde – sim, elas existem! Que tenham o duplo papel de auxiliar na gestão da crise e, também, conscientização das pessoas para os cuidados necessários para a não propagação do vírus?
A nossa última manifestação pública foi uma carta aberta ao presidente do Conselho Municipal de Saúde, cobrando uma tomada de posição do conselho – e de seus conselheiros – sobre as últimas medidas tomadas pela gestão do prefeito Barjas, como a flexibilização e a abertura do comércio em plena escalada da pandemia em nossa cidade. Ainda estamos aguardando resposta do presidente ou dos conselheiros, que precisam prestar contas à cidade de Piracicaba.
Nesse momento difícil que enfrentamos, sofremos calados e solitários, padecemos em um silêncio angustiante, com um grito de socorro contido, mas juntos, ganhamos força, e por isso, nós do Coletivo “Oswaldo Cruz” ampliamos as muitas vozes dessa sociedade civil, que deseja questionar, dialogar e principalmente ser ouvida.