As 180 unidades da Rede Drogal, distribuídas em 75 cidades do interior do estado de São Paulo, participam da campanha Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica, lançada dia 10 pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O objetivo é incentivar denúncias por meio de um símbolo: ao desenhar um “X” na mão e exibi-lo ao farmacêutico ou ao atendente da farmácia, a vítima poderá receber auxílio e acionar as autoridades. Na Rede Drogal, três mil funcionários passaram por treinamento para entender os detalhes, orientações técnicas, protocolos e, principalmente, a importância de receber a vítima com segurança e discrição.
Para o diretor administrativo da Rede Drogal, Marcelo Cançado, a campanha ocorre em um momento oportuno, considerando o aumento no número de casos e a gravidade do assunto. “Assim que fomos convidados, aceitamos e nos organizamos para atender da melhor forma possível essas vítimas. É um momento de união de esforços, conscientização e coragem para enfrentar essa questão. A adesão dos nossos colaboradores foi muito positiva. Todos compreenderam e mostraram sensibilidade para agir com o máximo de cuidado no acolhimento das vítimas”, comenta.
Após a denúncia, os profissionais das farmácias seguem um protocolo para comunicar a polícia. Balconistas e farmacêuticos não serão conduzidos à delegacia e nem, necessariamente, chamados a testemunhar, tendo em vista que não presenciaram a violência. No caso, são apenas o meio para que a vítima consiga realizar a denúncia.
A campanha Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica conta com a participação de quase 10 mil farmácias em todo o país e é uma resposta conjunta de membros do Judiciário ao recente aumento nos registros de violência em meio à pandemia. Uma das consequências da quarentena foi expôr mulheres e crianças a uma maior vulnerabilidade dentro do próprio lar.
Para a implementação da iniciativa, foi assinado um termo de cooperação técnica entre o CNJ, a AMB e a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). “A vítima, muitas vezes, não consegue denunciar as agressões porque está sob constante vigilância. Por isso, é preciso agir com urgência”, explica a presidente da AMB, Renata Gil, que é juíza criminal no Rio de Janeiro há 22 anos. De acordo com Renata Gil, campanhas que facilitem esse tipo de denúncia podem auxiliar pessoas nessa situação. E conclui: “Várias situações impedem a notificação da forma como ela deveria ocorrer porque as vítimas normalmente têm vergonha, têm receio do seu agressor e medo de morrer. Assim, a campanha é direcionada para todas as mulheres que possuem essa dificuldade de prestar queixa.”
Conselheira do CNJ, Maria Cristiana Ziouva afirma que as agressões são cometidas por parceiros na maioria dos casos. E o abuso de álcool pode provocar comportamentos violentos. “Situações de estresse e a instabilidade econômica potencializam os riscos, especialmente neste momento delicado”, explica. Para a conselheira e procuradora regional da República, a atuação conjunta no combate à violência é imprescindível. “Precisamos de união, e cada instituição apoiadora desempenha um relevante papel nessa luta.”
Em março e abril, o índice de feminicídio cresceu 22,2%, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Já as chamadas para o número 180 tiveram aumento de 34% em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo balanço do governo federal.
Para divulgar a campanha, os organizadores contam com o apoio da Abrafarma, Abrafad, Instituto Mary Kay, Grupo Mulheres do Brasil, Mulheres do Varejo, Conselho Federal de Farmácias, Conselho Nacional dos Chefes da Polícia Civil, Conselho Nacional dos Comandantes Gerais, Colégio das Coordenadorias Estaduais da Mulher em Situação de Violência Doméstica, Fonavid, Ministério Público do Trabalho, Colégio Nacional dos Defensores Públicos Gerais e Conselho Nacional do Ministério Público.