Menos R$ 24 milhões que comprovam a ignorância do vereador Trevisan Júnior

Barjas Negri

 

Antes de iniciar este artigo vou explicar o meu primeiro: “A explícita ignorância do vereador Trevisan Júnior”, publicado pela A Tribuna Piracicabana (07/05/2020). Na ocasião falei sobre a postura autoritária do vereador, conhecido por seus atos de truculência contra aqueles que discordam, democraticamente, de suas ideias. Num artigo, o vereador insinuou que a Prefeitura receberia uma “fortuna” adicional do governo federal e conclamou a população a fiscalizar o destino dos recursos. Como se a Prefeitura de Piracicaba fosse a ‘casa de mãe Joana’.

No meu artigo resposta, expliquei ao leitor e ao vereador Trevisan Júnior que os recursos que a Prefeitura de Piracicaba receberia eram justos, porque com a queda da receita corremos o risco de ter um déficit orçamentário superior a R$ 100 milhões neste ano. Os recursos que chegarão devem cobrir parte dos gastos que a Prefeitura já fez em saúde, educação, infraestrutura, segurança etc. Esse meu novo artigo comprova o que já havia escrito, principalmente se confirma a queda da receita orçamentária. Vamos lá?

Com seus três mandatos de vereador (2009/2012, 2013/2016 e 2017/2020) e diploma de Bacharel em Direito, o vereador Laércio Trevisan publicou nesta Tribuna artigo (maio/2020) conclamando a população de piracicabana a fiscalizar a Prefeitura, pois receberia do governo federal recursos adicionais de R$ 53 milhões. Para ele, uma verdadeira fortuna – que poderia ser desperdiçada ou desviada -, por isso todos deveriam ficar atentos.

Claro que todos devem ficar atentos para verificar onde a Prefeitura aplica seus recursos, afinal, são impostos pagos pelos cidadãos. O que não pode é um vereador tão experiente fazer da ignorância o seu papel principal, pois deveria saber que tais recursos federais foram aprovados pelo Congresso Nacional. O projeto foi sancionado pelo Presidente da República para compensar todos os governos estaduais e municipais, prejudicados pela brutal queda na economia brasileira e, consequentemente, redução nas receitas públicas.

No ano passado, essas receitas se transformaram em despesas para o pagamento de professores, médicos, enfermeiros e demais funcionários públicos; com aquisição e distribuição de merenda e medicamentos; com pagamento de iluminação pública e coleta de lixo. Enfim, todas essas despesas foram executadas pelas prefeituras para atender a sua população.

O que não pode um vereador tão experiente, insisto, continuar com o mesmo discurso, sempre quando usa a Tribuna da Câmara Municipal para ofender, desqualificar e ameaçar a todos que não concordam com as suas opiniões, especialmente os vereadores colegas de trabalho e profissionais que administram a prefeitura. Todos somos suas vítimas preferidas, com ataques, ofensas, inverdades e outros adjetivos inadequados.

Você leitor pode estar perguntando e os R$ 24 milhões? Pois bem, a imprensa local publicou matéria mostrando que em abril e maio deste ano, a receita dos principais impostos da Prefeitura de Piracicaba teve uma queda de R$ 24 milhões em relação ao arrecadado no ano passado. Isso mesmo, recursos inferiores aos arrecadados e gastos em 2019. Infelizmente, essa queda deve continuar nos próximos meses devido à crise provocada pelo coronavírus.

Os recursos do governo federal servirão para tentar manter em Piracicaba o mesmo padrão de gastos públicos de 2019, sabendo que as prefeituras perderão a correção da inflação previsto para este ano e terão dificuldades para atender as demandas que aumentam em tempo de crise e pelo crescimento de sua população.

Retornei ao tema para lamentar que um vereador “tão experiente” não tenha conhecimento dessa situação e queira, a qualquer custo, menosprezar a imagem de quem governa a cidade, incluindo aqui os secretários e servidores municipais. Se o vereador Laércio Trevisan fosse um pouco mais sério, ou tivesse algum desprendimento, esta seria uma boa oportunidade para reconhecer seus equívocos.

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Barjas Negri, prefeito de Piracicaba

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