Possuímos, além do nosso corpo físico, o nosso períspirito, que é o envoltório do espírito imortal. Após a nossa desencarnação, regressamos para o mundo espiritual, onde nos preparamos para nova jornada terrena, envergando uma vestimenta carnal masculina ou feminina, conforme a natureza das provas e expiações que sejam necessárias ao nosso processo evolutivo. Uma vez que possuímos um corpo espiritual, surgem dúvidas sobre a existência do sexo após a vida. Os Espíritos nos respondem sobre sexo que existe “não como o entendeis, pois que os sexos dependem da organização. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na concordância dos sentimentos” (Livro dos Espíritos, item no. 200). Kardec cita que “As almas ou espíritos não têm sexo. As afeições que os unem nada têm de carnal e, por isso mesmo, são mais duráveis, porque fundadas numa simpatia real não são subordinadas às adversidades da matéria. Os sexos só existem no organismo. São necessários à reprodução dos seres materiais. Mas os Espíritos, sendo criação de Deus, não se reproduzem uns pelos outros, razão por que os sexos seriam inúteis no mundo espiritual” (Revista Espírita, janeiro de 1866).
Segundo Jorge Andréa (Forças Sexuais da Alma), não podemos fazer confusão com atividades sexuais ligadas aos órgãos físicos e as energias sexuais que carregamos em nosso espírito e que podem ser canalizadas para criar coisas belas e úteis. Para aqueles que mantém uma vida digna e ética dentro dos princípios morais postulados pelo Cristo, a readaptação no mundo espiritual é relativamente tranquila. Entretanto, a desencarnação prematura, para os que não se encontram suficientemente preparados, pode ser dolorosa. Nos livros “Retornaram Contando” e “Gratidão e Paz” (Chico Xavier), um espírito cuja desencarnação ocorreu aos 18 anos, lamentava que apesar de ter consciência de estar no mundo espiritual, mas prosseguia desejando se casar e ter filhos. Ele foi orientado para aprender a usufruir apenas do “magnetismo das mãos dadas”, exercício que alimenta espiritualmente o casal, quando existe afinidade para isto. Entretanto, em seu desabafo, alegou que ainda se encontrava frustrado, pois não havia conseguido se adaptar a esse tipo de relacionamento.
O problema se torna mais grave para os espíritos moralmente atrasados. Nos espíritos inferiores o perispírito aproxima-se da matéria e é isso que determina a persistência das ilusões da vida terrena nas entidades de baixa categoria, que pensam e agem como se ainda estivessem na vida física, tendo os mesmos desejos e quase poderíamos dizer a mesma sensualidade (Livro dos Médiuns, item 74). Embora entre eles as paixões não existam materialmente, ainda persistem no pensamento e sofrem com isto pois são atraídos pela afinidade para os locais aqui na Terra onde predomina a sexualidade desvairada. Mas por não terem mais o corpo físico são impedidos do intercurso sexual (Livro dos Espíritos, item 972a). Impossibilitados de saciarem sua libido, buscam se sintonizar com casais aqui na Terra, moralmente pervertidos, e absorvem as emanações psíquicas liberadas durante a conjugação carnal. Essas relações (sexuais) são frustrantes e perturbadoras porque são mais mentais que física, dando lugar a processos de loucura e perversão desses espíritos (Sexo e Obsessão, Manoel P. Miranda e Divaldo Franco). Infelizmente isso comumente ocorre nos motéis e locais equivalentes que vivem dessa exploração sexual.
Entretanto, os laços do amor são eternos, e no mundo espiritual os casais que verdadeiramente se amam perpetuam o relacionamento afetivo (espiritual), inclusive se casando, conforme relatado pelo espírito André Luiz (Nosso Lar, Chico Xavier). A aplicação de nossa sexualidade exige educação e controle, e a sua direção é estabelecida por nós mesmos. Recordando o apóstolo Paulo (1 Coríntios 6) “Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não deixarei que nada me domine”.
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Alvaro Vargas, engenheiro agronônomo, Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante, radialista espírita
Me tirou uma dúvida enorme, o
Obg, muita paz.