José Rubens Françoso
Este artigo foi escrito há mais de um ano. Naquela ocasião, resolvi não publicá-lo até para não provocar mais polêmicas com um assunto já desgastado. No entanto, nas últimas semanas, o vereador Laércio Trevisan Jr. começou uma série de novos ataques à Prefeitura e aos secretários municipais, agora tentando passar de agressor à vítima. Quero falar um pouco do que foi a Comissão de Estudos do Semae, presidida pelo vereador Trevisan.
No início de 2019, ocorreram problemas pontuais no abastecimento de água do Semae: adutoras rompidas, queda de energia na Estação de Tratamento de Água do Capim Fino, chuvas fortes, elevação no nível de água do Rio Corumbataí – com elevação da turbidez na água captada, demora do Semae para consertar alguns rompimentos de adutoras, entre outros. Tudo isso deixou diversos bairros com desabastecimento de água, trazendo transtorno para muita gente. Apesar da demora, tudo foi resolvido.
Pois bem, a Câmara de Vereadores, no seu importante papel de fiscalizar o Executivo, aprovou corretamente a Comissão de Estudos. O vereador Laércio Trevisan, autor da propositura, ficou na presidência com a missão de, em 90 dias, elaborar um bom diagnóstico da situação, fazer críticas, apresentar sugestões e encaminhar eventuais irregularidades. Ele, mais o seu gabinete, teria como função solicitar informações, entrevistar técnicos, pegar depoimentos, tudo como disposto no Artigo 85 do Regulamento Interno da Câmara. Não foi isso que ocorreu.
O vereador Trevisan Júnior transformou a comissão em um verdadeiro circo. Ele, no centro do picadeiro, esbravejando e desrespeitando o Semae e sua direção. Criou factóides e apareceu na imprensa quase todos os dias, sempre colocando em dúvida a idoneidade das pessoas. Ao final dos 90 dias, ele não concluiu o relatório final. Foram concedidos mais 90 dias para que ele continuasse no centro do picadeiro. Passado um tempo, do nada, o vereador apresenta um relatório pífio, espalhafatoso, inconsistente, malicioso, mal escrito, com total desvio do proposto para a Comissão de Estudos.
Os problemas de desabastecimento temporário, que justificavam a criação da CE, foram praticamente ignorados, com a cópia de parágrafos, fora do contexto, de diversos outros relatórios de vários órgãos fiscalizatórios. Foram quase seis meses de “trabalho” e perda de muito tempo, envolvendo funcionários e técnicos da Câmara de Vereadores, do Semae e da Prefeitura. Muito dinheiro público foi desperdiçado com milhares de cópias de documentos que, aparentemente, não foram lidas pelo vereador e seu gabinete.
No fundo, no fundo, os problemas do Semae foram deixados de lado e se atacou sua contratada Águas do Mirante, com a sugestão vazia do rompimento do contrato. Só isso. Sobre o fato de Piracicaba estar em 1º lugar em Saneamento Básico do Brasil entre todos os maiores municípios brasileiros, fruto do trabalho do Semae e seus funcionários, não escreveu uma linha.
Em vez de copiar e colar textos de outros órgãos no seu relatório, o vereador devia se lembrar que, ao tomar banho em sua casa, a água para tirar a sujeira de seu corpo é fornecida pelo Semae e o mesmo ocorre quando usa o vaso sanitário. Toda essa água e dejetos, o Semae leva por quilômetros até a moderna Estação de Tratamento de Esgoto da Ponte do Caixão, agora denominada de Engenheiro Augusto Seydell. Lá, esse esgoto é tratado por processo químico e biológico, retornando às águas do Rio Piracicaba mais limpo que suas agressivas palavras às autoridades constituídas e colegas de trabalho.
O que assisti, nos últimos anos, foi sempre o vereador Laércio Trevisan Júnior
ameaçando pessoas e fazendo denúncias para quem discorda de suas ideias. Ele não se mostra preparado para o debate, para o confronto de ideias e ao diálogo entre os homens públicos. A única arma que sabe utilizar é a agressão verbal, moral e física. (Por fim, espero que o vereador não fique bravo por usá-lo como exemplo, porque é função da autarquia a coleta e o tratamento doméstico de toda cidade.)
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José Rubens Françoso, engenheiro e presidente do Semae – Piracicaba