Pandemia: professor da Esalq analisa o impacto no agronegócio

Os impactos do novo coronavírus no agronegócio foram abordados na live desta quinta (28) do programa Parlamento Aberto. O professor da Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/Universidade de São Paulo) explicou o funcionamento da cadeia do agronegócio e as mudanças ocasionadas pela pandemia no setor.
O agronegócio, pontuou o professor, possui grande importância em termos de exportação. Neste ano de 2020, o setor obteve um salto de 5,8 bilhões para 10,2 bilhões em exportação, no período de janeiro a abril, mesmo com a pandemia do novo coronavírus.
Eduardo Spers esclareceu que o agronegócio, termo criado em 1950 por pesquisador dos EUA, é composto por uma cadeia de setores. De acordo com ele, a relação de diferentes setores com a agricultura, que começa desde o campo e passa pela indústria de insumos, agroindústria, indústria de alimentos, entre outros, gerou a necessidade de estabelecimento de um setor.
A amplitude do setor cria novas necessidades de higiene em momentos como a pandemia do novo coronavírus, apontou Eduardo. Ele citou como exemplo o primeiro caso do Covid-19, que ocorreu em um mercado da cidade de Wuhan, na China.
“Durante a manipulação de alimentos pode haver o cruzamento de vírus, bactérias, genes por meio de, por exemplo, o uso de uma faca para cortar diferentes animais. Esta é uma das causas dessas pandemias”, explicou. Ele comentou que a relação do agronegócio com surtos de doenças já foi observada em outros momentos da história, como na epidemia de gripe suína (H1N1), na de gripe aviária e no mal da vaca louca.
Com as novas adequações do mercado ocasionadas pela pandemia do novo coronavírus, Eduardo acredita que os países passarão a investir na internalização da produção e no controle das cadeias para a fiscalização de pontos como a higiene.
Ele comparou a situação atual com a crise ocasionada pelo “mal da vaca louca”, na qual, por meio da disseminação da doença, as autoridades sanitárias do Brasil identificaram que, se houvesse um mapeamento do processo do animal desde o abate, os impactos da doença poderiam ser evitados.
Neste sentido, o professor também aponta o impulsionamento de iniciativas locais de agricultores e de medidas de cooperativismo como possibilidades para o setor, em um momento que exige a internalização da produção. Eduardo citou como exemplo a Rede Guandu, criada pelo Instituto Terra Matter, que busca aproximar a população de Piracicaba dos alimentos produzidos por pequenos produtores locais.
Durante a live, Eduardo citou exemplos ligados à tecnologia e indicou o uso de meios tecnológicos e adaptados, como a venda de produtos em drive thru ou o oferecimento de delivery, como pontos que devem ser estimulados. “Tem algumas agendas que precisam ser trabalhadas: a agenda sanitária, ambiental e a agenda tecnológica”, disse Eduardo.

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