Ensino a distância: frequência é de apenas 22% dos alunos

Levantamento da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) revela que o ensino a distância (EaD) proposta pelo governador João Doria (PSDB) para dar continuidade ao ano letivo no Estado alcançou, em média, entre os dias 21 e 28 deste mês, apenas 22% dos alunos inscritos. Os dados começaram a ser levantados no último dia 21 e fazem parte de uma plataforma da Apeoesp, que diariamente divulga dados fornecidos de forma voluntária por professores da rede estadual de ensino sobre a frequência dos alunos, de todas as regiões do Estado.
O levantamento realizado por professores das 95 subsedes da Apeoesp no Estado, mostra que no dia 21, por exemplo, dos 29.315 estudantes matriculados para o acesso às disciplinas do EaD, apenas 7.217 frequentaram, representando 24,48%. Já no dia 22, dos 17.242 inscritos, 4.710 alunos participaram, totalizando 27,85%, enquanto que no sábado, dia 23 de maio, quando o número de matriculados chegou a 3.139, apenas 799 acessaram o EaD, representando 25,45%. Na terça, dia 26 de maio, dos 19.221 estudantes, só 2.436 frequentaram, totalizando 12,7%. No dia 27, dos 6.397 inscritos, apenas 2.218 participaram, ou seja, 19% enquanto que na quinta-feira, 28 de maio, 14.872 se inscreveram, mas só 3.451 acessaram, representando 23,2%.
Na região da Diretoria de Ensino de Piracicaba, o levantamento mostra que a participação dos alunos ficou em 37,1%. O maior registro de participação foi na Diretoria de Barretos, com 100%, seguida pela de Campinas com 66,7% e Caeiras com 60%. A menor foi registrada nas de Itapetininga e São João da Boa Vista, com apenas 3%, enquanto que em Itaquaquecetuba foi de 4,2% e na cidade de São Paulo de 15,5%.
Para a presidenta da Apeoesp, a deputada estadual Professora Bebel (PT), o número está “muito aquém” do universo de 3,5 milhões de estudantes da rede pública. “É uma desigualdade marcada pelo social, porque muitos alunos não têm condição de ter computadores, de terem acesso à banda larga de internet”, aponta. Na avaliação dela, o melhor neste momento de pandemia seria investir na formação continuada dos professores e funcionários da escola, e ampliar o acesso à educação dos alunos também usando os serviços de radiofusão.
Bebel defende que fosse estabelecido um ano letivo burocrático em detrimento de um ano letivo pedagógico, que garanta o acesso ao conhecimento. “Está sendo promovida uma exclusão educacional, e nós da Apeoesp somos radicalmente contra esse tipo de coisa. Os nossos alunos pobres, da periferia, das favelas, já pagam um preço muito caro pela desigualdade. Isso é coisa de secretário que nunca pisou o pé numa escola pública de pobre”, afirma.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima