Delegados: ADPESP cobra coerência de João Doria

Nessa terça (26), durante visita ao interior do Estado, o governador João Doria (PSDB) afirmou que a Polícia Federal deve ser um órgão absolutamente técnico e independente e sem vinculações políticas. De acordo com a ADPESP (Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), apesar de correta, a declaração do governador parece desconsiderar o fato de que a Polícia Civil do Estado de São Paulo, assim como a Polícia Federal, possui natureza de polícia judiciária, exercendo funções análogas, de acordo com suas atribuições previstas na Constituição Federal.
A ADPESP defende uma polícia judiciária estadual autônoma e fortalecida, mas, passados um ano e meio do início da gestão, não há qualquer sinalização nesse sentido pelo mandatário do governo estadual. “Assim, causa-nos espanto, sem entrar no mérito do caso recente a que referia o governador, que o mandatário não aplique à polícia judiciária do estado que comanda os mesmos ideais que ele agora advoga à polícia judiciária da União”, destacam os diretores da Associação.
Segundo a ADPESP, remoções sem fundamento permanecem comuns na instituição, especialmente nos cargos de direção, altamente suscetíveis a indicações por influências políticas, em detrimento de critérios técnicos e meritocráticos. “Quisesse o chefe do Poder Executivo Estadual aplicar na prática seu discurso, poderia começar, por exemplo, instituindo o mandato fixo para delegado Geral da Polícia Civil, além de sua escolha por lista tríplice eleita pela classe”.
Desde sua posse, a ADPESP vem tentando, sem sucesso, conversar com o governador a fim de detalhar suas propostas de construção de uma Polícia Civil forte, independente e desvinculada de interesses políticos. Dezenas de ofícios foram encaminhados ao governador, e nenhum deles foi sequer respondido. “Para isso, não basta apenas investir em equipamentos e materiais. É fundamental e urgente a valorização dos policiais civis paulistas – que seguem recebendo os piores salários do Brasil. Diversas medidas direcionadas à autonomia funcional administrativa e financeira – pressupostos para nossa atuação livre e independente – dependem apenas da boa vontade de nosso mandatário”.

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