Trajetória do coronavírus

Toshio Icizuca

 

É do conhecimento geral que o novo coronavírus veio ao Brasil através da China e Itália no fim de fevereiro e início de março de 2020 respectivamente. Foi trazido por viajantes que vieram daqueles países, principalmente por homens de negócios de São Paulo e Rio de Janeiro.

Embora existam controvérsias, mas as primeiras notícias de pessoas infectadas por esse vírus eram moradores de São Paulo no início de março. A partir desse momento, o número de vítimas começou a aumentar assustadoramente. Quase todas as pessoas infectadas moravam nos bairros nobres da cidade, onde vivem os homens de negócios. Na segunda quinzena de março foi notificada a morte da primeira vítima do Covid-19 no Brasil, um morador de São Paulo. Nessa época, já se falava que havia vítimas do vírus na cidade do Rio de Janeiro e Manaus.

Mesmo com o início da proliferação do coronavírus, a comunidade científica do Brasil não possuía muita informação sobre o modo de atuação do vírus, nem  a OMC, Organização Mundial da Saúde. As informações desencontradas sobre o modo de combate circulavam rapidamente, porém, ninguém tinha certeza de que estavam agindo corretamente, e o vírus se espalhava com avidez assustadora.

No início da última semana de março, o governo do Estado de São Paulo, seguindo a orientação da OMC e comunidade médica local, decretou a quarentena, adotando o isolamento horizontal, ou seja, todo mudo confinado em casa, com exceção das pessoas que trabalham em atividades essenciais.

Como foi dito anteriormente, a desinformação fez com que o início do isolamento fosse tomado tardiamente, uma vez que o vírus já estava em muitas casas, através de profissionais que trabalhavam em residências de pessoas infectadas, como empregadas domésticas. Estas trabalhadoras, em sua maioria moravam em bairros periféricos da cidade, e se serviam de transportes de massa para se locomoverem. Ao serem obrigadas a se confinarem em casa, onde vive grande número de pessoas em habitações pequenas, uma pessoa infectada, mesmo em condição de assintomática, transmitia a doença para outras pessoas. O fato foi constatado em várias favelas, tempos depois. Hoje, 18/05, o Estadão publicou uma matéria falando do caso ocorrido em M’Boi Mirim, bairro pobre localizado ao sul da cidade, onde transmissões da doença em família se tornaram corriqueiras. Assim, em muitos bairros ocorriam da mesma forma, e a doença se alastrou descontroladamente. O resultado disso é que São Paulo pode se transformar em epicentro do Covid-19 do mundo, um título desabonador que pode ser evitado.

Se o início do isolamento fosse antecipado em duas semanas, a situação seria completamente diferente, porque a quantidade de vírus fora da zona nobre da cidade seria bem menor, e combatido facilmente por internação do paciente. Outra providência de grande eficiência que poderia ser adotada seria testes em massa para cercar o vírus, mas a rede hospitalar pública e postos do SUS estavam despreparados para esse tipo de trabalho emergencial, lamentavelmente.

Segundo o Ex-Ministro da Saúde, Nelson Teich, o serviço de teste em massa deve ser iniciado em breve, o que deve minimizar a evolução da transmissão, e com isso baixar a curva de crescimento de pacientes do Covid-19. O governador João Dória fala em Lockdown na Capital, entretanto essa medida deve ser evitada, porque além de ser de difícil execução, o resultado pode ser decepcionante…

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Toshio Icizuca, engenheiro, escritor

 

 

 

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