Dirceu Gonçalves
“Você utilizou o transporte coletivo nos últimos 30 dias?” Essa pergunta deveria ser, obrigatoriamente, formulada a todos os que buscam consultas e exames com suspeita de infecção pelo coronavírus. Principalmente agora que São Paulo ensaia parar em “lockdown” e amplia o rodízio de veículos, que outras cidades também impõem restrições à circulação de automóveis e, como resultado, assistem o lotar dos terminais, pontos e veículos – ônibus, vans, trens e metrô – em boa parte por quem é obrigado a deixar o carro em casa.
Se escolas, repartições, clubes, cinemas, shoppings, lojas, bares, restaurantes e prestadores de serviços – exceto os essencialíssimos como supermercados, hospitais e farmácias – são impedidos de funcionar para evitar as aglomerações que podem levar funcionários e clientes a adoecer ou transformarem-se em transmissores do coronavírus, nada mais lógico do que pesquisar os locais onde se contaminaram os que buscam socorro, entre esses lugares os terminais e veículos de transporte público, onde é humanamente impossível guardar a distância aconselhada de um metro e meio entre uma pessoa e outra e certamente não há disponibilidade de funcionários e nem de insumos para a desinfecção imediata e permanente de corrimãos e outros suportes onde os usuários seguram para se equilibrar quando viajam em pé, ou se apóiam ao embarcar e desembarcar.
É contraditório segregar a população, obrigar todos a usar máscaras, admoestar os que se aglomeram e, ao mesmo tempo, forçar a se juntarem no transporte coletivo milhares de donos de automóveis que, se não estivessem retidos na garagem, poderiam proteger da infecção seus ocupantes, de quebra, evitar a potencialização dos riscos aos que não possuem condução própria.
Toda informação é útil, especialmente num quadro adverso como o atual (18/05), em que nosso país contabiliza 16.118 mortos e 241.080 mil doentes pela pandemia. A certeza de que a proximidade dos passageiros ou qualquer outra variável está (ou não está) causando a transmissão da Covid 19 pode fazer grande diferença e servir de apoio para a tomada de decisões e providências mais eficientes pelas autoridades e até pela própria população. Seu bom emprego será capaz de salvar preciosas vidas…
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Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da Aspomil (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo); [email protected]