Geovanna Prata
O isolamento social e principalmente a pandemia, trouxeram questões muito importantes, fazendo com que boa parte das pessoas, senão todas, refletissem sobre seus atos, comportamentos, relacionamentos, e muitas outros pontos, que em geral não são abordados, ou meramente pensados em situações comuns.
A Covid-19 trouxe consigo a consciência de que a vida é frágil e passageira, de que a saúde é algo instável, de que viver é complicado, não só manter-se vivo e respirando, mas viver realmente, fazer aquilo que gosta, conquistar sonhos. Fez com que muitos entendessem que apenas sobreviviam, e outros agradecerem pela vida que tem, ou tiveram.
Importante dizer que também tornou mais gritante ainda a desigualdade, e mostrou à todos, sem exceção, que as pessoas mais importantes não costumam ter o reconhecimento que merecem, desde os profissionais da limpeza, os enfermeiros, médicos e a equipe de saúde como um todo, os que plantam e fornecem alimentos à população, até as pessoas queridas que nos cercam, e que agora não podem estar reunidas conosco, avôs e avós, professores, pais, mães, sobrinhos, netos e amigos.
Por outro lado, fez com que muitos repensassem suas relações com esposa e filhos, comportamentos que precisavam ser discutidos, mas que “agora não dá tempo, tenho que trabalhar”, “tenho que sair” ou “tenho um compromisso”. Agora nenhum compromisso mais é inadiável, ou mais importante do que estar em casa com a família, salvo os casos daqueles que exercem serviços essenciais e que realmente não podem estar em casa.
Dessa vez a prioridade é a família e a convivência, que precisa ser harmônica, mesmo que isso não seja fácil, pois, o isolamento já é complicado, com conflitos em casa mais ainda. Na mesma linha seguem as amizades, uma vez que, muitas se reaproximaram, em razão da atual conjuntura, e algumas, pelo mesmo motivo, se percebeu não serem tão próximas assim.
Mudando o foco, é interessante acrescentar que outros tantos tiveram a oportunidade de perceber que talvez o emprego que escolheram não seja o que sonharam para suas vidas, e agora têm um tempo pra reorganizar seus objetivos.
A questão é que ninguém queria estar isolado, ninguém queria que uma pandemia estivesse acontecendo, ou mesmo que milhares de pessoas morressem por causa de um vírus, mas como infelizmente isso está acontecendo, mesmo com todos os esforços para a reversão do quadro, nos resta fazer com que essa “pausa universal” sirva de reflexão, sobre as vidas de cada um de nós, e sobre as daqueles que não puderam continuá-las por conta dessa doença.
Sendo assim, que possamos realmente viver, que nossos sonhos não fiquem no “depois eu faço”, “quando eu tiver dinheiro” ou “quando eu tiver um tempo”, pois muitos já não terão mais essa opção, que ao longo desse tempo nós possamos rever atitudes, remediar erros, se possível, e, se não, aprender com eles, mudar para melhor, nos tornarmos quem realmente queremos ser, e fazer o mundo um lugar melhor, com mais empatia e compaixão, menos egoísmo e ganância. E que encontremos juntos um modo de passar por tudo isso.
_____
Geovanna Prata, Técnica em Administração, Cursando o 5º Semestre de Direito na Unimep e o 1º Semestre de Jornalismo na UMESP