Paulo Roberto Ceccarelli*
A ideia de consumo vai além do mundo físico: novelas, reality shows, programas de rádio, revistas e jornais exibindo extrema felicidade ou desgraça intoxicam as pessoas. Produzem não só o prazer imediato, mas também criam um alto grau de independência do mundo externo:
Com esse ‘amortecedor de preocupações’ [propósito da mídia] refugia-se da pressão da realidade para um mundo próprio.
O fantasiar, necessário ao equilíbrio psíquico pela compensação às “exigências da sociedade”, transforma-se na única forma de satisfação pulsional ao alcance do sujeito. Quanto menos acesso às satisfações substitutivas reais, mais o mundo fantasmático se apresenta como alívio de tensões pulsionais. A pulsão não submetida à realidade (efeito tóxico que a ilusão produz) tem satisfação muito mais intensa que a submetida a ela. A intensidade da frustração acompanha a distância entre o que o sujeito é e o que a mídia decreta como única possibilidade de reconhecimento narcísico. Os comportamentos antissociais e suas vertentes são componentes agressivos gerados pela frustração. Para alguns é a única forma de se manter certo grau de “saúde” psíquica.
Fonte: http://www.ceccarelli.psc.br/
*Paulo Roberto Ceccarelli é Doutor em Psicopatologia Fundamental e Psicanálise pela Universidade de Paris VII, entre outros títulos de peso.
“Estar apaixonado é estar mais próximo da insanidade do que da razão”. (Sigmund Freud)
Após um relacionamento de dez anos me cadastrei em um site. Um e-mail me chamou muita atenção. Ele é meu vizinho. Foi uma semana de sonho, nem sentia os pés no chão de tanta emoção! No primeiro contato perguntei o que ele buscava e respondeu ‘um relacionamento intenso, uma paixão’. Mas acabou!
Tenho três filhas, ele só um filho. Pergunto-me: Será que fui eu que errei? Ou são as filhas? Ele foi tão gentil, amoroso, comprometido e eu fui recíproca. Existe uma teoria pra esse comportamento?
No campo amoroso as respostas se encontram com quem pergunta.
Mas você ficou dez anos num único relacionamento, e agora está procurando alguém. Isso dá uma pista. Certas coisas se tornam mais previsíveis e evitáveis.
Não tentar achar culpados ajuda muito: erro seu, suas filhas, só a levará a culpabilizar uma pessoa ou circunstância. Ele não mentiu: queria algo intenso, não prometeu que seria para sempre. ‘Uma paixão’ se não for bem manobrada se esvazia como aconteceu. Quando ambos têm maturidade, ao perceberem seu fim a transformam em amor, se houver desejo em ambos.
Quando estamos envolvidos e apaixonados ficamos com nosso juízo crítico afetado, e tendemos a avaliar as situações conforme queremos e não como elas de fato são.
Sua mágoa a fez pensar em patologias, mas então estamos todos doentes em alto grau. Você esperou dele mais do que ele tinha pra lhe dar.
Leitor: Opine, critique, sugira temas nesse espaço. Use até 200 toques. Sigilo absoluto.
Blog: http://pedrogobett.blogspot.com/
Facebook: fb.com/psicopontocom
E-mail: [email protected]
Correspondência: Praça José Bonifácio, 799
13.400-340 – Piracicaba/SP – (19) 99497-9430