Dirceu Cardoso
A morte do primeiro brasileiro pelo coronavírus traz uma sensação incômoda: ele não era um dos casos suspeitos da doença. Isso leva a pensar na ausência de controle efetivo e na possibilidade de um quadro de infestação superior ao divulgado. Mas é importante manter a calma e a racionalidade. Que as pessoas evitem a exposição às diferentes formas de contágio e procurem socorro caso apresentem os sintomas da doença. Tudo, no entanto, sem a histeria e o medo, que só serviriam para agravar o quadro. Até o momento, mesmo com a primeira morte já confirmada e outras a confirmar como resultantes do corona, o maior impacto da pandemia ainda é econômico e social. Tanto que o governo se mobiliza para a liberação de recursos que possam substituir as rendas que deixarão de existir pela falta de trabalho e produção. Luta-se para atravessar o período em que o coronavírus colocará reclusa boa parte da população e da massa de trabalho. É importante encontrar mecanismos que evitem a inviabilidade de negócios, tanto das grandes empresas quando dos pequenos que dependem da produção de hoje para continuar abertos amanhã. O governo estuda, até, o oferecimento de ajuda emergencial aos 40,8 milhões de trabalhadores informais, que constituem 43,3% do número de pessoas ocupadas. Um benefício de largo cunho social, sem dúvida.
O cidadão brasileiro comum – que também pode ser chamado de “Zé Povinho” ou “Zé Povão”, tanto de forma pejorativa quando na positiva – espera que cada uma das autoridades e detentores de alguma forma de poder, faça a sua parte no esforço de combate ao mal. Os três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – atuem com o máximo de sua força e representatividade e que os setores específicos da Saúde Pública, Assistência Social, Educação e outros envolvidos diretamente tenham à disposição os recursos necessários ao enfrentamento da tormenta.
Desagrada-nos, nesse momento de angustia nacional (que deriva da mundial e pode ainda se ampliar em muito), ver os detentores do poder se digladiando. Presidente, governadores, senadores, deputados, ministros, líderes políticos e forças da sociedade deveriam, a essa altura, deixar para depois as suas diferenças políticas, ideológicas e até pessoais para concentrar todo seu foco e trabalho no combate ao coronavírus, o inimigo comum, que pode acometer a todos com a mesma gravidade e sem distinção de raça, classe social, condição econômica, ideologia, nível cultural ou qualquer outra excludente. Tudo o que se puder fazer para evitar o sofrimento do povo é bem-vindo, pertinente e, até, patriótico. O quadro que hoje se apresenta traz os componentes de uma guerra, onde a união é a única chance de sobrevivência.
Pensem nisso, senhores do poder. Não decepcionem (mais uma vez) a Nação…
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Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da Aspomil (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo); e-mail: [email protected]