Vitor Pires Vencovsky
A partir da década de 1980, o Brasil passou a se inserir internacionalmente através da exportação de algumas commodities, tais como petróleo, minério, soja, açúcar e café. A mais comercializada no mundo é o petróleo. Segundo dados da World Integrated Trade Solution (WITS), elaborado pelo Banco Mundial, as exportações em 2018 desse produto foram de aproximadamente 726 bilhões de dólares. Desse total, a Rússia é o principal país exportador, com participação de 17,8%. Fazem parte desta lista, também, os Emirados Árabes Unidos (10,1%), Canadá (9,2%), Kuwait (7,1%) e Nigéria (7,1%). O Brasil está na 12ª posição, com 3,5% sobre as exportações mundiais totais de petróleo.
O minério de ferro também é outro produto importante comercializado mundialmente, pois são matérias primas utilizadas na fabricação de aço e ferro fundido. Diversos países importam essa commodity para alimentar indústrias de máquinas, equipamentos, materiais de construção e produtos de consumo. A exportação total anual foi de 73 bilhões de dólares em 2018. A Austrália foi o principal país exportador, com 63% de participação. Em seguida está o Brasil (22,6%), Canadá, (3,5%), África do Sul (2,1%) e Ucrânia (1,7%). É um setor cuja produção é altamente concentrada em dois países.
De todas as commodities comercializadas no mundo, a soja é a que o Brasil participa mais significativamente. As exportações desse grão em 2018 totalizaram 59 bilhões de dólares, tendo o Brasil como maior participante, com 56% do total. Os Estados Unidos estão em segundo lugar, com 29%. Além de dominar as exportações de soja, o Brasil também é um grande exportador de açúcar. O montante comercializado no mundo totalizou 9 bilhões de dólares, com 59,9% de participação do Brasil, seguido da Tailândia, com 15%.
O produto café também tem uma participação importante na pauta de exportação do Brasil. De um total de 12,4 bilhões de dólares exportados no mundo de café em grãos não descafeinado, o Brasil foi o responsável por 34,5%, seguido da Colômbia (18%), Indonésia (6,4%), Peru (5,4%) e Alemanha (4,7%). O comércio internacional de café torrado também é muito significativo. Em 2018, foram exportados 10,4 bilhões de dólares, comércio liderado pela Suíça (18,5%), Itália (13,8%) e Alemanha (12,4%).
O comércio internacional de café tem algumas particularidades. Primeiro, alguns países, que não possuem um único pé de café, figuram na lista de grandes exportadores. É o caso da Alemanha, que importa café e o reexporta com maior valor agregado para diversas localidades do mundo. Uma segunda observação é que o Brasil não participa das exportações de café torrado, que possui valor agregado muito superior ao não torrado.
Os principais países do mundo procuram participar ativamente do comércio internacional através da troca de produtos de alto valor agregado. Muitos países entendem que agregar valor à matéria prima é muito mais vantajoso do que vender produtos primários. Mas não foi esta a opção escolhida pelo Brasil.
Vitor Pires Vencovsky é presidente da Academia Piracicabana de Letras – e-mail: [email protected]