Dirceu Gonçalves
Depois de varrer o território chinês, o coronavírus, surgido na atual configuração em dezembro do ano passado, ganha proporções mundiais e exige cuidados. A Itália, onde já ocorreram 366 mortes, isolou 16 milhões de habitantes na região da Lombardia, o equivalente a um quarto da população nacional, incluindo as áreas de Milão e Veneza. Até o papa, em vez de aparecer em público, emitiu sua bênção através da internet. Em solo brasileiro temos 25 casos confirmados, 663 suspeitos e 632 já descartados. A maior concentração de confirmados é São Paulo, com 16, seguida de Rio de Janeiro (3), Bahia (2), Distrito Federal, Alagoas, Espírito Santo e Minas Gerais com um caso cada. Das 27 unidades federativas, só o Maranhão ainda não possui suspeitos.
O coronavirus, além dos males de saúde, também traz os problemas econômicos. O colapso na China, nosso segundo maior comprador e fornecedor de muitos produtos manufaturados, mexe na estrutura de preços, no câmbio e no suprimento de peças, especialmente para a indústria automobilística. Agora também verificamos uma nova guerra do petróleo que a Arábia Saudita deflagra por conta das repercussões do vírus e por razões de estratégia econômica entre países produtores. É o petróleo, mais uma vez, tendo o nefasto uso político. Os sauditas estão baixando o preço em retaliação à Rússia, que não quis reduzir a produção para evitar a queda das cotações decorrentes da circulação do vírus.
Epidemias de diferentes males, especialmente de gripe e assemelhados, é coisa antiga e tendem a se ampliarem no mundo globalizado. O levantamento do domingo diz que o mal estava presente em 98 países, já havia acometido 105.836 pessoas, das quais 3.595 morreram. A primeira morte da América Latina, que tem 66 infectados, aconteceu no sábado, em Buenos Aires (Argentina), acometendo um homem de 64 anos que viajou à França. A AL registra 75 casos, sendo os 25 no Brasil, 13 no Equador, 12 na Argentina, 7 no México, 6 no Perú, 5 na República Dominicana e na Costa Rica, e 1 na Colombia e Paraguai.
Embora haja conhecimento técnico e disposição das autoridades brasileiras para enfrentar a epidemia, é preciso que a população esteja atenta. Não com a histeria de uso indiscriminado de máscaras ou assepcia exacerbada. Mas evitando aglomerações e locais que possam facilitar a transmissão do vírus que, é bom dizer, ainda não circula no país, mas pode fazê-lo a qualquer instante. Vamos fazer aquilo que já fizemos quando da vinda de outras epidemias. O momento é de cautela, mas importantíssimo não no esquecermos da dengue, febre amarela, zika e chikungunya, males que, diferentes do corona, já circulam e fizeram muitas vítimas ente nós.
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Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da Aspomil (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo); e-mail: [email protected]