Osvaldo Elias de Almeida
No dia 08 de março celebramos o Dia Internacional da Mulher. A origem do dia 8 de março não é consenso entre os pesquisadores; contudo, é inegável que se trata da busca pelo reconhecimento das causas femininas, especialmente das operárias. “A referência histórica principal das origens do Dia Internacional da Mulher é a II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas em 1910, em Copenhague, na Dinamarca, quando Clara Zetkin propôs uma resolução de instaurar oficialmente um dia internacional das mulheres. Nessa resolução, não se faz nenhuma alusão ao dia 8 de março. (…) Houve greves e repressões de trabalhadores e trabalhadoras no período que vai do final do século XIX até 1908, mas nenhum desses eventos até então dizem respeito à morte de mulheres em Nova York, que teria dado origem ao dia de luta das mulheres. Tais buscas revelam que não houve uma greve heróica, seja em 1857 ou em 1908, mas um feminismo heróico que lutava por se firmar entre as trabalhadoras americanas.” (http://www.sof.org.br/femini/8demarco.htm)
Além das questões ligadas ao trabalho, o dia-a-dia das mulheres é uma luta pela vida. Os estudos antropológicos estão dando mais visibilidade às questões referentes ao assassinato de mulheres por ser um tema recorrente e assustador. Esses estudos têm associado o feminicídio às normas estruturais hegemônicas de imposição da masculinidade como um padrão de controle pela força e pela agressividade. A principal diferença do feminicídio para o homicídio banal de mulheres está relacionada à exploração do corpo da mulher como uma extensão do desejo masculino. Esse crime, muitas vezes, é antecedido de abusos verbais, físicos e privações (Pasinato, 2011:232). O feminicídio pode ser classificado como todo assassinato motivado por questões de punição, castigo ou vingança de um homem contra uma mulher, tanto em relações afetivas quanto em crimes praticados por desconhecidos (Segato, 2003; Pasinato, 2015).
Dados estatísticos trazidos pelo IPEA nos informam que a cada hora e meia uma mulher é assassinada no Brasil, simplesmente pela sua condição de ser mulher, totalizando 13 casos de crime de feminicídio por dia. A lei 13.104/15, mais conhecida como Lei do Feminicídio, alterou o Código Penal brasileiro, incluindo como qualificador do crime de homicídio, o feminicídio – sendo que tal alteração vem de encontro à essa triste realidade nacional.
As celebrações são criadas para a memória, pois, antes de celebrar temos que rememorar. Rememorar as nossas ações e omissões, os nossos afetos e desafetos, a nossa justiça e injustiça, o nosso amor e desamor. Por isso, e também, temos o Dia da Criança, Dia da Consciência Negra, Dia do Trabalho, Dia da Mulher (…).
Dizer que todo dia é dia, é estar dizendo que sempre esteve e está tudo bem, na medida das ações, do respeito, da dignidade e da justiça, mas a verdade é outra; especialmente, com relação às mulheres, temos uma situação aflitiva que vem atingindo nosso bem maior que é a vida. Neste dia 8 queremos mulheres vivas e dignificadas, com esperanças renovadas de filhas de Deus.
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Rev. Osvaldo Elias de Almeida, mestre em Educação, pastor titular da Catedral Metodista de Piracicaba