PROSA
O Relógio e a vida
Leda Coletti
A vida acompanha o tempo ou será o oposto? E quando falamos do tempo, pensamos no instrumento que o simboliza: o relógio. No ponteiro menor, o qual marca as horas, os seus intervalos se sucedem mais vagarosamente. São as diferentes fases etárias de nossa existência; o maior, registra os minutos, ou seja, nossas horas vividas no dia a dia; já o minúsculo, bem rapidinho, exibe os segundos, fragmentos dos momentos alegres, tristes, produtivos ou vazios.
O relógio pode parar, se não acionarmos periodicamente as cordas dos seus ponteiros. Assim também na roda da vida. Se não existirem os sonhos, esta não fluirá leve e solta.
Não tenhamos medo de sonhar e sempre aspirar algo. Façamos do tempo uma ciranda de bem viver! A vida só tem sentido quando é vivida de modo intenso, com simplicidade de gestos e ações.
Você tem medo da vida? Comece a brincar de viver e verá que apesar de alguns entraves, ela é divertida e prazerosa.
A VIAGEM
Ludovico da Silva (in memoriam)
A estação da pequena cidade servia para as despedidas das pessoas que viajavam. E sempre reunia muita gente, principalmente os amigos mais íntimos. Na rua principal morava um casal. Sem filhos. Marido e mulher gostavam de viajar, sempre juntos. Raramente um viajava sozinho. Quando isso acontecia, já haviam combinado a troca de correspondência, contando as belezas do lugar, as companhias, os passeios. E aconteceu que, certa vez, só a mulher viajou. Muita gente foi até a estação, para as despedidas. O marido ficou triste e os amigos, também. Como haviam combinado a troca de correspondência, ele ficou ansioso. O tempo foi passando e a mulher não mandava cartas.
Foi daí que ele tomou da caneta e passou a escrever-lhe. As cartas voltavam. O carteiro sentia a mesma tristeza dele, a cada dia que portava uma carta de volta. E assim o tempo continuou passando. Muito tempo. Uma tarde o marido também viajou. A estação ficou cheia de amigos. Um a um se despediu dele, dizendo, com muito sentimento, um adeus.
VERSO
Leveza Angelical
Lídia Sendin
Anjos são leves,
Por isso voam.
De asas abertas
Têm em si a brancura
De todas as cores,
O perfume de todas
As flores e
O bálsamo de todas as dores.
Mesmo assim são leves e voam.
Nós não vemos a beleza das cores,
Nem sentimos o perfume das flores,
Não há consolo para as dores
Em nossos braços fechados.
Carregamos o jugo e o pesar,
Em nossas almas há pecados
Que não nos deixam voar.
O amor que canto em prosa e verso
Elisabete Bortolin
Brota da relva úmida
Existente no jardim do coração
Fazendo de cada dia uma canção.
As estrelas, a lua e o céu
Equilibrados em harmonia
Sondam o caminhar dos chelas
Que irradiam luzes belas.
Toda luz e alegria sem fim
Emana da presença EU SOU
Trazendo bem-aventurança
Paz, amor e esperança!
PERDAS DE MIM
Raquel Delvaje
Essa noite andei pelas ruas
De mãos dadas comigo
E de repente me perdi de mim
E pelas ruas eu tropecei em perdas
Enfim, ficou um pedaço em cada esquina.
E sobraram-me braços sem abraços
E metade de mim, sem outra parte
E o caminho que eu tanto conhecia
Cruza agora com vias e ruelas
Dantes nunca visitadas
Ruas feitas de perdas pequeninas
Que levaram metade de mim
Levaram olhos, pernas e corpo de minha alma…
Indagação
Aracy Duarte Ferrari
Os homens fixam
Seus olhos no céu.
Porém,
Quantos chegarão lá?
São anos-luz de
Mistérios!
Aninha e Suas Pedras
Cora Coralina
Não te deixes destruir…
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.
NOTÍCIAS
- E agora vamos aos livros escolares. Você conhece o Recanto dos Livros, no Lar dos Velhinhos de Piracicaba? Lá você pode encontrar livros a preços maravilhosos. Os preços são ótimos e além disso há um cafezinho com prosa muito interessante. Funciona aos sábados, das 8h30 às 12h30.
Palavra do Escritor:
“Medíocres passam, gênios imortalizam-se.” Cecílio Elias Netto
Nascido em Piracicaba, no dia 24 de junho de 1940, Cecílio Elias Netto é jornalista, escritor e bacharel em Direito.