Douglas Nogueira
A correria do dia-a-dia, não nos deixa viver, apenas nos faz vegetar, ou seja, tornar nossas vidas escravas do materialismo mundano.
Hoje o que importa para nós, seres humanos é trabalhar, trabalhar e trabalhar, não nos importamos mais com os bens intelectuais, sociais ou sentimentais que poderiam estarem agregados ao nosso viver. Vivemos para trabalhar e sermos manuseados pelo dinheiro, que nos escravizou impiedosamente.
Religião, estudos, lazer fazem parte do passado, de uma época tranquila, serena, pacífica livre de seres que vegetavam em busca do inútil, daquilo que no futuro nada traria de proveito, de sadio para uma velhice inevitável. As pessoas dos dias atuais muita das vezes pensam até mesmo em morrerem, livrarem-se definitivamente desse mundo apressado que corre desesperadamente sem rumo algum.
Estamos bem perto de nos tornar robôs humanos, aqueles que saem de casa para o trabalho, preocupados com a fórmula mágica de como ganhar mais dinheiro, ser rico, ter status, grandeza, poder. Nesse trajeto até o posto de trabalho esqueceremos que o mais importante de estar aqui é viver, mas viver de verdade, respirando o ar, contemplando as estrelas e agradecendo a quem nos criou, por estamos vivos, fazendo parte da família Terra.
O mais triste é que as pessoas atualmente olham umas para as outras como adversárias, rivais, concorrentes que atrapalham a chegada ao topo do poder ou apenas da sobrevivência, e infelizmente se puderem eliminar umas às outras, eliminam sem pensarem nas conseqüências imediatas de tal ato. É uma vivência descontrolada, irracional.
Realmente não vivemos mais, vegetamos, lutamos para tentarmos ganhar um dia a mais em nossas vidas. Alguns seres humanos, como já falado pensam em desistir de tudo visando a sepultura, todavia, outros perseguem bravamente a permanência no território dos vivos, pois amam viver e temem grande mente a morte.
Há pessoas que, na ânsia de vencerem os obstáculos inevitáveis da vida vegetam incessantemente, trabalhando até mesmo em dois, três ou mais empregos, ou ainda permanecendo dia e noite no trabalho, sem sentido algum, carregando apenas a ilusão mental de que são reconhecidas e de que protegem bravamente suas vidas financeiras. Viver não é isso, essa loucura, esse desacerto de nós mesmos. Viver é logicamente trabalhar, ter status, poder entretanto, é conquistar tudo isso com sabedoria, valorizando a família, que é nada mais nada menos do que o nosso alicerce fiel e principalmente dando valor ao nosso respirar, a vida.
O mundo pelas circunstâncias atuais, nos convida a não vivermos, e sim a vegetarmos, mas precisamos recusar tal convite e vivermos sim, para que amanhã possamos estar livres de arrependimentos ou o pior beirando a depressão mental, que nos levará aos pensamentos ridículos de acabarmos com o nosso viver.
É triste conversar com uma pessoa idosa que vegetou durante toda a vida, as palavras delas são apenas essas: trabalhei bravamente por minha família, porém hoje me arrependo por não viver com eles, não viver para mim, não vivi, não vivi, apenais busquei trabalho, dinheiro. Tristeza essa, exemplo desolador de um ser humano que nada buscou na vida de belo, somente visou recursos materiais, e sem consciência tornou-se escravo da vida, do dinheiro.
Essa vegetação “obrigatória” de inúmeros indivíduos, mostra que nada é mais importante do que lutar para viver e não peregrinar para sobreviver. Estar vivo já é o maior dos presentes que recebemos, portanto zelar por ele, é questão de inteligência recheada de muita sabedoria.
Douglas S. Nogueira, Técnico de Manutenção e Planejamento, Blog: www.douglassnogueira.blogspot.com; e-mail: [email protected]